Docente da Universidade de Brasília, Luis Felipe Miguel aparentemente achou pouco ter descoberto que impeachment é golpe e que o despejo de Dilma Rousseff transformou o regime democrático em ditadura. Nesta segunda-feira, dia da estreia da disciplina que inventou — O golpe de 2016 e a democracia no Brasil” —, o professor aloprado resolveu criar o primeiro curso oficial clandestino da história da UnB.
Só os acadêmicos devidamente matriculados, cujos nomes Luis Felipe se recusa a revelar, souberam em qual sala a aula inaugural seria ministrada. A primeira lição ensinou à turma a importância do sigilo inexplicável: o mestre contou por que vetara a presença de alunos ouvintes, equipamentos eletrônicos, dispositivos conectados com a internet e curiosos em geral, começando pelos jornalistas.
Não é pouca coisa, mas não era tudo. “Não será admitida a gravação da aula”, advertiu o doutor em golpe. “Só eu estou gravando a aula, e essa gravação não será divulgada”. Onde gente normal viu censura, Luis Felipe enxerga cautela: “Eu quero ter proteção, caso tenha a divulgação mentirosa”, complicou em dilmês castiço.
Todo discípulo do professor que ensina a contar mentiras longe de testemunhas com mais de dez neurônios aprende, por exemplo, quais são “as chances de restabelecer o Estado de Direito destruído pelo golpe de 2016”. Também aprende que, “se acontece algo ilegal, e deixamos de dizer que foi ilegal, estamos fazendo transparecer que foi legal”.
Graças a Luiz Felipe Miguel e à UnB, vem aí a primeira turma de bestas quadradas em História e Português com diploma universitário. Oremos.