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Edgar Nóbrega renuncia e PT desiste de ter candidato a prefeito em São Caetano do Sul

PUBLICADO NO DIÁRIO DO GRANDE ABC NESTA SEXTA-FEIRA GUSTAVO PINCHIARO O vereador do PT de São Caetano, Edgar Nóbrega, renunciou ontem à candidatura à Prefeitura após cinco dias da divulgação de vídeo em que teria negociado com o ex-secretário de Governo Tite Campanella (DEM) fazer oposição de ‘fachada’, além de cobrar suposto ‘mensalinho’ no Legislativo, como […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 07h59 - Publicado em 31 ago 2012, 14h56
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  • PUBLICADO NO DIÁRIO DO GRANDE ABC NESTA SEXTA-FEIRA

    GUSTAVO PINCHIARO

    O vereador do PT de São Caetano, Edgar Nóbrega, renunciou ontem à candidatura à Prefeitura após cinco dias da divulgação de vídeo em que teria negociado com o ex-secretário de Governo Tite Campanella (DEM) fazer oposição de ‘fachada’, além de cobrar suposto ‘mensalinho’ no Legislativo, como divulgado pelo Diário desde segunda-feira.

    A direção municipal da sigla optou por não apresentar substituto no pleito. Assim, é a primeira vez na história que o PT, fundado em 1980, não lança candidato ao Paço em uma das sete cidades do Grande ABC.

    Edgar compareceu à sede do PT em São Caetano somente na manhã de ontem e conversou com integrantes do diretório. Vários nomes foram cogitados para a substituição. Os candidatos a vereador Jayme Tortorello, Chicão Ribeiro e João Moraes foram os que ganharam mais força. A falta de consenso e orientação dos diretórios estadual e nacional influenciou na decisão da municipal. A legenda agora prega a campanha do ‘vote 13′ na chapa proporcional, sem se atrelar a nenhuma das outras candidaturas ao Palácio da Cerâmica.

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    O vice-presidente estadual, Rafael Marques, acompanhou as decisões da sigla durante todo o dia. A cúpula da legenda se posicionou favorável à renúncia, sem substituição do prefeiturável e foi a força maior para o desfecho do caso. Com a intervenção, os petistas de São Caetano aguardam que a instância superior dê apoio estrutural e financeiro para que a chapa de vereadores seja fortalecida e não perca embalo nesta reta final do pleito. “Vai ser mais difícil sem um candidato a prefeito, mas acredito que temos condição de fazer esse debate, desde que a estadual e a nacional nos deem esse respaldo”, analisou João Moraes.

    A decisão gerou reclamações de pleiteantes ao Legislativo sobre a dificuldade de ir às ruas e justificar suposta participação do PT no ‘mensalinho’ a eleitores.

    O grupo ligado ao candidato a vereador Ricardo Rios se mostrou satisfeito com a decisão, já que foram eles que deram início à pressão pela renúncia de Edgar. “Cumprimos o que deveria ter sido feito na segunda-feira”, definiu Rios.

    O ex-candidato foi blindado pela direção estadual do PT, que o orientou para não participar da votação e sair da cidade ontem.

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    Carta de renúncia, sem colocar outro nome na cabeça da chapa majoritária, foi votada e aprovada pelo diretório local. O texto defendeu Edgar do vídeo de 2009, em que aparece supostamente pedindo a Tite R$ 100 mil para vencer a eleição interna do PT com 600 votos (conquistou 609) e cobrado a quantia de R$ 10 mil em hipotético esquema de ‘mensalinho’ na Câmara. O ex-prefeiturável e o próprio PT reforçam a tese de armação feita por Tite e edição criminosa feita por Eder Xavier, candidato a vereador pelo PCdoB que divulgou o vídeo na internet.

    Logo após a gravação ganhar as redes sociais, no início da semana, Edgar deixou a presidência do PT são-caetanense e o secretário pediu exoneração. A Prefeitura abriu sindicância interna.

    Militante quer explicação pública do ex-prefeiturável

    Vera Severiano, candidata a vereadora pelo PT de São Caetano e ex-parlamentar, criticou a opção do partido em deixar a apuração dos fatos para o período pós-eleitoral. O argumento é de que a dificuldade de fazer campanha nesse momento está evidente e que a corrupção deve ser combatida. “O Edgar deveria sair às ruas, não mais enquanto candidato, mas enquanto militante que ajudou a construir o partido para poder se explicar à população”, declarou Vera.

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    A candidata também reclamou do processo de definição do rumo do PT. Segundo Vera, a prerrogativa votada na reunião do diretório municipal ontem veio pronta da direção estadual e só foi votada. “Nós defendíamos que o vice (Santo Crociari) assumisse a candidatura. Ele não é citado na fita (vídeo) e também tem história. A gente só serve aqui para levantar a mão. Não da para fazer campanha como se nada tivesse acontecido. Não é bem assim.” A petista reclama da falta de discussão sobre o caso. “Deveria estar na ordem do dia”, analisou.

    MP vai ouvir todos os citados no vídeo

    A promotora de São Caetano Sorandy Aires Santos abriu inquérito sobre o polêmico vídeo e garantiu que irá ouvir todos os nomes citados na gravação, além de encaminhar cópias para o Ministério Público Eleitoral e Criminal. A investigação foi aberta na segunda-feira, após representação do Psol, embasada por reportagem do Diário.

    De acordo com Sorandy, a gravação revela conteúdo “grave” sobre “acertos financeiros”. Disse que irá investigar crimes de improbidade administrativa, enriquecimento ilícito e tentativa de violar a ordem entre os poderes Legislativo e Executivo. Disse ainda que pode se tratar de crime eleitoral e de corrupção.

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    Na gravação de 17 minutos, editada, o vereador Edgar Nóbrega (PT) disse ao ex-secretário de Governo, Tite Campanella (DEM): “A pergunta que temos que fazer aqui é: quanto custa ter o PT?” Em seguida, os dois acordaram R$ 100 mil, divididos em cinco parcelas. Tite diz: “O que a gente (governo) ganha com isso?” Edgar responde: “O grupo que governa a cidade vai ter um aliado, ou um adversário leal”.

    Tite teria reclamado de um requerimento de informação feito pelo vereador petista sobre uma viagem que teria feito ao Exterior e pede para que Edgar cumpra o combinado. O parlamentar também pede que ele cumpra o combinado e, em seguida, questiona sobre R$ 10 mil que não teriam sido entregues a ele. Tite cita o presidente da Câmara à época, Gérsio Sartori (PTB), sobre acordo de R$ 5.000 mensais, além do parlamentar Paulo Bottura (PTB), que repassaria R$ 10 mil ao petista referente ao suposto ‘mensalinho’.

    O ex-secretário também lembra o nome do vereador licenciado e atual chefe de Gabinete do prefeito, Gilberto Costa (PTB), que à época fazia oposição no Legislativo. “Foi bom você ter conversado e o Gilberto Costa também”, disse Tite.

    Edgar teria questionado ainda sobre cargos na Prefeitura para Pio Mielo, ex-assessor de Edgar e atual candidato a vereador do PT, e João, que segundo o petista seria João Formiga.

    Todos os citados negam participação no suposto recebimento de verba. Alegam que trata-se de dinheiro que Edgar pedira emprestado. Sobre os cargos, os petistas envolvidos rechaçam atuação no caso.

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