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O “voto secreto” de José Dirceu

Texto publicado no Estadão desta segunda-feira. Eduardo Reina O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu fugiu dos eleitores e da imprensa ao votar na manhã de ontem, na 258.ª Zona Eleitoral, em Moema, zona sul de São Paulo. Conseguiu permissão da Justiça Eleitoral para ir escondido ao local. Cercado por seguranças, entrou por uma porta […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 14h03 - Publicado em 4 out 2010, 18h32

Texto publicado no Estadão desta segunda-feira.

Dirceu voto

José Dirceu, nas eleições de 2006 (Foto: Valéria Gonçalvez)

Eduardo Reina

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu fugiu dos eleitores e da imprensa ao votar na manhã de ontem, na 258.ª Zona Eleitoral, em Moema, zona sul de São Paulo. Conseguiu permissão da Justiça Eleitoral para ir escondido ao local. Cercado por seguranças, entrou por uma porta lateral da Universidade Ibirapuera pouco depois das 8 horas, subiu até a seção, votou rapidamente e foi embora pelo mesmo local, enquanto outros eleitores aguardavam nas filas sob forte garoa.

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A juíza responsável pela 258.ª Zona Eleitoral, Léa Maria Barreiros Duarte, informou, por meio da chefe do cartório eleitoral, Cláudia Cistolo Pereira Pinto, que o esquema que permitiu a Dirceu votar sem ser incomodado foi uma medida preventiva para evitar tumultos e transtornos no fluxo da votação.

“Apenas tomamos algumas atitudes para evitar problemas e não prejudicar a votação num colégio com muitos eleitores”, argumentou Cláudia. “Não há privilégio para ninguém. A gente quer evitar confusão.” Segundo a Assessoria de Imprensa do Tribunal Regional Eleitoral, a juíza tem autonomia para tomar decisões que evitem problemas e tumulto nos locais de votação.

Um dos principais acusados no escândalo do mensalão, o ex-ministro foi hostilizado por eleitores em 2008 na mesma zona eleitoral. De acordo com o jornaleiro Eduardo Ferraro Américo, que trabalha ao lado da universidade, as pessoas chamaram Dirceu de “ladrão”, “bandido” e “safado” e até chegaram a arremessar um sabugo de milho na direção do petista. “Ele havia entrado pela porta da frente e teve todo o rebuliço”, contou.

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Aparato. Ontem, por volta das 8 horas, Dirceu chegou à universidade em Moema num carro importado, conduzido por motorista particular. Foi seguido por três outros carros com seguranças, segundo o funcionário de uma obra em frente, Alberto Belarmino Lima. Estacionou num posto de gasolina, atrás da banca de jornal de Américo, para não ser identificado.

O esquema já estava acertado. O funcionário da Justiça Eleitoral João Pereira da Silva abriu uma pequena porta lateral do prédio da universidade. O próprio Silva escoltou Dirceu ao primeiro andar e depois retornou até a saída. “Foi o pessoal da universidade que pediu para ele entrar pela lateral, para evitar problemas”, disse.

Enquanto Dirceu votava, assessores mantinham a imprensa com as atenções voltadas para a entrada principal da universidade. Depois que o ex-ministro foi embora, um dos seguranças agradeceu a Silva pela “forcinha”.

Não é só na hora de votar que Dirceu tem sido hostilizado. Em novembro de 2005, foi agredido a golpes de bengala no Congresso pelo escritor Yves Hublet, então com 67 anos. Hublet desferiu duas bengaladas na cabeça do petista depois de um “surto psicótico”, na definição do escritor.

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