Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Augusto Nunes

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Com palavras e imagens, esta página tenta apressar a chegada do futuro que o Brasil espera deitado em berço esplêndido. E lembrar aos sem-memória o que não pode ser esquecido. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

O Brasil que sobreviverá à Era Lula talvez nem tenha tempo para desprezar Amorim

“Negócios são negócios”, recitou Celso Amorim para justificar a troca de afagos e elogios entre o presidente Lula e Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, ditador da Guiné Equatorial há mais de 30 anos.  Se a França vende manteiga à nação africana, acrescentou no café da manhã seguinte, por que o Brasil ─ para garantir que empresários […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 14h51 - Publicado em 8 jul 2010, 21h41

“Negócios são negócios”, recitou Celso Amorim para justificar a troca de afagos e elogios entre o presidente Lula e Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, ditador da Guiné Equatorial há mais de 30 anos.  Se a França vende manteiga à nação africana, acrescentou no café da manhã seguinte, por que o Brasil ─ para garantir que empresários daqui continuem lucrando por lá ─ não pode aceitar alguns milhares de assassinatos, relevar um ou outro genocídio e, em respeito à soberania dos demais países, evitar interferências em problemas internos?

E Honduras?, dispensaram-se de retrucar os jornalistas que ouviram a frase que resume exemplarmente a diplomacia do cinismo. A discurseira do governo brasileiro, que rompeu relações diplomáticas com o país centro-americano entre juras de amor à democracia ameaçada, só existe quando o volume de exportações e importações é pouco relevante? Negócios são negócios, constata quem vê as coisas como as coisas são. E vão muito além de cifras, balanças comerciais ou acordos econômicos.

O governo que usa o Itamaraty para posar de esquerdista é também um negociante político-ideológico. Faz qualquer negócio para ajudar companheiros ou prejudicar o Grande Satã Ianque e os lacaios do imperialismo estadunidense. O venezuelano Hugo Chávez e o iraniano Mahmoud Ahmadinejad, por exemplo, são bons companheiros. São inimigos o colombiano Alvaro Uribe e qualquer presidente hondurenho que não se chame Manuel Zelaya.

“Para defender a democracia, o governo americano tem o dever de aplicar sanções econômicas a Honduras”, reiterou o chanceler enquanto Zelaya gerenciava a embaixada reduzida a pensão. “Se as sanções econômicas ao Irã se tornarem mais apertadas, quem sofrerá serão os setores mais frágeis da sociedade”, continua a contradizer-se sem ficar ruborizado.

Amorim defendeu desde o primeiro minuto no emprego a volta de Cuba (que não sabe o que é uma urna desde os anos 50) à Organização dos Estados Americanos. Mas não admite a readmissão de Honduras, porque as eleições que levaram ao poder o candidato oposicionista Porfirio Lobo “foram realizadas pelo governo golpista”. O companheiro Fernando Lugo pode contar com a ajuda do Brasil na guerra contra a guerrilha paraguaia. Os companheiros das FARC podem contar com a omissão do Brasil na guerra contra o governo constitucional colombiano.

Continua após a publicidade

O legado da diplomacia do cinismo não poderá ser integralmente debitado na conta de Amorim. Ela faz o que Marco Aurélio Garcia e o PT acham certo ─ e Lula manda fazer. Mas Garcia é uma velharia perdida nos escombros do Muro de Berlim, e Lula é o resultado previsível do cruzamento da soberba com a ignorância. Amorim é outra coisa. É diplomata de carreira. Foi ministro das Relações Exteriores do presidente Itamar Franco. Conheceu o Itamaraty de outros tempos. Sabe que não deveria fazer o que faz. Faz por excesso de vassalagem e falta de vergonha.

“Você me despreza, não?”, pergunta o trapaceiro interpretado por Peter Lorre, num dos grandes momentos do filme Casablanca, ao protagonista eternizado por Humphrey Bogart. “Desprezaria, se pensasse em você”, responde Rick Blaine. Ugarte é uma figura exemplarmente desprezível, sublinha a expressão entediada de Bogart. Tão desprezível que nem vale a pena ocupar-se dele.

É provável que Celso Amorim escape de ser desprezado pelo Brasil do futuro por ser só mais um Ugarte. Não vai merecer sequer um asterisco em livros de História. Merece o desprezo eterno, mas o país que sobreviverá à Era Lula não terá tempo para lembrar-se de gente assim.

Publicidade

Imagem do bloco

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.