Neste outubro, o PT elegeu o prefeito em apenas oito dos 645 municípios do Estado de São Paulo. Qual teria sido a causa de tamanho fiasco na mais populosa e desenvolvida unidade da federação? A corrupção em escala industrial? A ladroagem desavergonhada? A catastrófica incompetência administrativa? A política econômica desastrosa? A expansão apavorante do desemprego? Ou a soma desses espantos e outros mais?
Nada disso, ensinou Lula em Buri, onde reapareceu nesta terça-feira. Segundo o único doutor honoris causa do mundo que não lê nem escreve, o problema é o que chama de “conservadorismo paulista”. Como o massacre ocorrido em São Paulo se repetiu em todo o país, pode-se deduzir que tanto os nordestinos da região da seca quanto os ribeirinhos da Amazônia hoje são tão conservadores quanto um bilionário quatrocentão.
Na cabeça baldia arruinada pelo nocaute, o fenômeno serve para explicar tudo ─ da ausência de candidatos do PT em Buri ao triunfo de João Doria na periferia da capital, do desaparecimento do “cinturão vermelho” formado pelos municípios do ABC ao sumiço do palanque ambulante, imobilizado em São Bernardo por falta de interessados. Deve-se presumir que também explica por que nenhum dos candidatos lançados pelo partido desde 1982 conseguiu homiziar-se no Palácio dos Bandeirantes.
As urnas impediram a chegada ao governo estadual de gente como José Dirceu, José Genoíno e o próprio Lula. O primeiro está na cadeia. O segundo esteve. O terceiro logo estará. Os três exemplos avisam que conservadorismo pode ser o outro nome da sensatez.
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