“Vamos fazer um pacto: nos 90 a gente volta de novo”, sorriu Fernando Henrique Cardoso durante a conversa com o colunista ─ depois de registrar que às vésperas dos 80 anos, completados neste 18 de junho, sente-se “mais jovem que durante a juventude”. O ex-presidente comentou a carta de Dilma Rousseff, o quadro político, a relevância crescente da internet, a questão das drogas e outros temas de que costuma tratar com frequência e brilho. Mas pela primeira vez o temperamento contido não o impediu de percorrer lugares íntimos. Falou, por exemplo, sobre a falta que faz Ruth Cardoso. Recordou a figura da mãe. E contou que nada lhe parece mais importante que o amor e os amigos.
No primeiro dos três capítulos da entrevista, exibido nesta sexta-feira na seção Entrevista e dividido em quatro partes, FHC defende a continuação do processo de privatizações, analisa os governos de Lula e Dilma Rousseff, discorre sobre o papel da oposição e critica o PT. “Nunca abençoei a corrupção”, fustiga. Não é o PSDB que precisa de uma plataforma política, argumenta. “Quem não tem programa é o PT, que se apropriou das ideias do adversário”, acusa. Para o entrevistado, Dilma é a versão de Lula sem alto-falante. “Brasileiros estão acostumados a presidentes que falam”. Dilma Rousseff deve falar mais, aconselha. Mas sobre coisas relevantes ─ e não tanto quanto Lula.