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O veto à transferência do Coaf confirma: bandido não gosta de xerife

Os parlamentares que impediram a mudança têm tanto apreço por ideias de Sergio Moro quanto Marcola, o chefão do PCC

Por Augusto Nunes Atualizado em 23 Maio 2019, 18h08 - Publicado em 23 Maio 2019, 18h08
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  • Tanto o presidente da República quanto o próprio Sergio Moro procuraram minimizar a decisão da Câmara dos Deputados que manteve o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) incorporado ao Ministério da Economia. Com isso, morreu a ideia da transferência do órgão para a área do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Ambos fizeram de conta que faz sentido os argumentos mais invocados pelos parlamentares que vetaram a mudança:

    1) O Coaf continuará subordinado ao mesmo governo;

    2) O Coaf seguirá fazendo o que fez quando solicitado a agir pelos condutores da Operação Lava Jato.

    Se fosse assim, por que Sergio Moro teria combinado com Bolsonaro que o Coaf passaria ao controle do ministério que chefia? Por capricho? Para ampliar o vasto território que já administraria? Não, evidentemente. Moro apenas queria promover adaptações e aperfeiçoamentos que tornariam o Coaf muito mais eficiente do que tem sido, e preparariam o órgão para enfrentar os desafios que vêm por aí.

    Até agora, o Coaf só atuou no âmbito da Lava Jato, que se concentra nas investigações sobre o Petrolão. Moro pretendia utilizá-lo para reforçar a frente ampliada de combate à corrupção e, sobretudo, para vencer a guerra contra organizações criminosas que dominam o narcotráfico e o sistema carcerário. O Coaf ajudaria, por exemplo, a apressar o fechamento de torneiras que fazem do PCC uma potência financeira. Com a estrutura atual, isso não será possível.

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    Se tanto faz manter o Coaf no Ministério da Economia ou transferi-lo para o Ministério da Justiça, a Câmara dos Deputados não teria rejeitado a proposta de Moro. As manobras que resultaram no veto foram comandadas pela maior bancada da Câmara, formada pelos adoradores do foro privilegiado. Esse ajuntamento suprapartidário vai da petista Gleisi Hoffmann ao tucano Aécio Neves. Como os seus parceiros deputados, ambos já estariam no banco dos réus se não fossem protegidos por essa obscenidade que mantém delinquentes incuráveis longe de tribunais e cadeias. Esse bando tem tanto apreço pelas ideias de Moro quanto Marcola, o chefão do PCC.

    Também não foi por acaso que a votação da reforma administrativa foi interrompida antes de ser avaliada a excrescência que impede auditores da Receita Federal de denunciarem quaisquer bandalheiras que não sejam crimes fiscais. O que não falta na Câmara é gente com contas a ajustar com a Justiça, a começar pelo presidente Rodrigo Maia, conhecido pelo codinome Botafogo no Departamento de Propinas da Odebrecht e envolvido em histórias muito mal contadas ocorridas na sala do cofre da Gol.

    Como ensinam os faroestes, bandido não gosta de xerife.

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