Os canastrões do faroeste-chanchada escaparam de Francis, mas o Brasil decente continua a mantê-los sob estreita vigilância
O que diria Paulo Francis do Brasil de 2012?, registra o comentário de 1 minuto para o site de VEJA. É o que se pergunta quem tem mais de cinco neurônios ao fim da leitura de Diário da Corte, coletânea de textos do maior polemista da imprensa brasileira publicados pela Folha de S. Paulo entre […]
O que diria Paulo Francis do Brasil de 2012?, registra o comentário de 1 minuto para o site de VEJA. É o que se pergunta quem tem mais de cinco neurônios ao fim da leitura de Diário da Corte, coletânea de textos do maior polemista da imprensa brasileira publicados pela Folha de S. Paulo entre 1975 e 1990. Contemplado pelo dom de antecipar o futuro, ele sabia que, no País do Carnaval, o que está péssimo sempre pode piorar. Mas não tanto, provavelmente constataria se tivesse sobrevivido ao enfarte que o silenciou em 1997 para contemplar a movimentação da turma que controla o Grande Circo Brasil.
Nem o singularmente brilhante Paulo Francis poderia imaginar que, depois do presidente que nunca leu um livro, viria a presidente que não lembra o que jura estar lendo. Ele jurava que nada que viesse do universo político brasileiro seria capaz de espantá-lo. Mas talvez se assombrasse com o faroeste-chanchada ensaiado nas primeiras sessões da CPI do Cachoeira pela ala radical da Frente Ampla da Cafajestagem. O roteiro original não se limita a transformar canalhas em heróis e mocinhos em vilões. Também autoriza os culpados a submeter inocentes a interrogatórios. E termina com a materialização do sonho de todos os delinquentes do mundo: no fim, o bandido prende o xerife.
O bando escapou do olhar implacável de Francis. Mas o Brasil decente mantém sob estreita vigilância tanto o palco quanto as catacumbas em que se movem prontuários disfarçados de parlamentares a serviço da pátria. De novo, várias ramificações da nação dos fora-da-lei se juntaram para outra ofensiva liberticida. De novo, não passarão.
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