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Palocci aprendeu que é crime revelar crimes de Lula

Enquanto permaneceu calado, o Italiano, codinome que ganhou do Departamento de Propinas da Odebrecht, mereceu o respeito da companheira Amante

Por Augusto Nunes Atualizado em 25 set 2017, 22h36 - Publicado em 25 set 2017, 22h36
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  • O desempenho da senadora do PT paranaense e a performance na chefia da Casa Civil de Dilma Rousseff garantiram a Gleisi Hoffmann, primeiro, o posto de rainha da bateria do bloco Unidos de Lula e, desde 3 de junho deste ano, o comando da direção nacional do do partido que virou bando. O que fez em menos de quatro meses é mais do que suficiente para provar que a companheira homenageada pelo Departamento de Propinas da Odebrecht com gorjetas milionárias e dois codinomes (Amante e Coxa) merece ser promovida a presidente vitalícia, subordinada apenas à divindade que chefia a organização criminosa.

    É até pouco para quem conseguiu em tão curto período produzir tantas ideias de jerico que exibiram com tamanha clareza a cabeça e a alma do PT. Ainda em junho, por exemplo, Gleisi baixou na Nicarágua para animar com teses bastante criativas o Foro de São Paulo, nome de batismo da irmandade dos órfãos da União Soviética. Depois de reafirmar que Nicolás Maduro prende e mata adversários políticos para defender a democracia, a oradora chorou lágrimas de esguicho pela perseguição política imposta a Lula por velhos companheiros de bandidagens.

    Nesta sexta-feira, ao anunciar “a suspensão por 60 dias das atividades partidárias de Antonio Palocci”, Gleisi conseguiu fabricar uma decisão de assustar doido de pedra. Preso em Curitiba desde novembro de 2016, já faz quase um ano que o ex-ministro da Fazenda de Lula e ex-chefe da Casa Civil de Dilma não exerce atividades partidárias. (Ultimamente, não tem exercido sequer atividades físicas). Como tampouco será libertado em menos de dois meses, bastaria que o PT o esquecesse por lá para que o castigo se consumasse.

    Milhões de brasileiros decentes talvez se tenham surpreendido com a descoberta: o PT, quem diria, tem uma comissão de ética. O que não espantou ninguém foi saber como é o código ético do partido. Palocci foi punido não pelos crimes que praticou e vinha tentando esconder, mas pelas delinquências protagonizadas por Lula que começou a revelar aos integrantes da Lava Jato. Enquanto permaneceu calado, o Italiano mereceu o respeito da companheira Amante — ou Coxa. Ao abrir o bico, transformou-se no renegado Palocci.

    “Ao mentir, sem apresentar provas, Palocci colocou-se deliberadamente a serviço da perseguição político-eleitoral que é movida contra a liderança de Lula e o PT”, diz um trecho da resolução divulgada por Gleisi. Pela ética do PT, está certo quem oculta o que viu de errado. Contar verdades é crime hediondo. Sobretudo se a verdade reduz a distância que separa o chefão da merecidíssima gaiola.

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