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Valentina de Botas manda um recado a FHC: Mulher honrada é Ruth Cardoso

VALENTINA DE BOTAS O rei Juan Carlos não disse na Conferência Ibero-Americana do Chile, em 2007, “Chávez, líder popular e símbolo que não pode ser quebrado mesmo que isso beneficie o meu partido, por que no te callas?”. Disse apenas o contundentemente necessário: “por que no te callas?”. FHC, na entrevista à revista alemã Capital, […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 00h48 - Publicado em 3 ago 2015, 00h11

VALENTINA DE BOTAS

O rei Juan Carlos não disse na Conferência Ibero-Americana do Chile, em 2007, “Chávez, líder popular e símbolo que não pode ser quebrado mesmo que isso beneficie o meu partido, por que no te callas?”. Disse apenas o contundentemente necessário: “por que no te callas?”. FHC, na entrevista à revista alemã Capital, chama o jeca de “líder popular”, “símbolo que não pode ser quebrado”, mas o tal líder popular açula um exército stédile contra quem não o acha tão popular assim e o símbolo repugnante se desfaz como vampiro de cinema ao sol.

Cidadão livre, FHC pode dizer o que bem entender. Só que não: mesmo sem atividade partidária, as declarações do ex-presidente abatem ou revigoram o ânimo de milhões de brasileiros decentes que têm por ele respeito e carinho, ele precisa saber, é ele a quem reconhecem como reserva moral da nação e nosso único estadista vivo. Falemos de mulheres honradas? Comecemos por Ruth Cardoso. Quantos dossiês canalhas ela forjou? Quantos colaboradores próximos e amigos pessoais dela foram presos ou estiveram muito, mas muito enrolados com a Justiça? Nenhum.

Quantos subalternos ela humilhou e quantos superiores bajulou? Quantos ministros corruptos ela só demitiu depois de muito pressionada e, ainda assim, aos prantos? Quantos nestorcerveró promoveu depois de saber que nestorcerveró era um nestorcerveró? Quantos rivais acusou de pretender fazer o que ela faria e que sabia que deveria ser feito e que negava que faria? Nenhum, nenhum, nenhum. Ruth fraudou o próprio currículo? Aparelhou e paralisou o Estado? Exaltou a controladoria interna da Petrobras sob luxuriante roubalheira?

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Saudou a mandioca? Propôs conversar com o Estado Islâmico? Infiltrou a Venezuela no Mercosul? Todas as respostas são negativas: eis aí uma mulher honrada, assim vista até pelos oponentes de FHC. Aplicado o mesmo questionário à presidente, obter-se-á uma radiografia incompleta, mas fidedigna, de uma figurinha pública que honrada não é. FHC dizer que a ex-ministra da Casa Civil, ex-integrante do conselho da Petrobras e presidente há 5 anos não está envolvida diretamente na roubalheira, como disse à revista, não a torna uma mulher honrada.

O que o ex-presidente confuso com o conceito de honradez não explicou é a razão pela qual o governo de uma mulher honrada não merece ser salvo, conforme ele disse há uma semana, como um sol num quintal dando merecido alento aos milhões de indignados gratos a ele por isso. Ninguém tem lições a dar a FHC nem o direito de lhe cobrar nada, mas, enquanto adentramos átrios de ferro e fogo, acenos vazios são injustos com a nação que anseia em se refazer.

A longa espera enfraquece o coração e estamos exaustos, queremos apenas coerência e consistência de quem pode ajudar a cerzir o país – ainda que ajudem simplesmente não atrapalhando. Portanto, só venho fazer dois apelos: querido Oliver, por favor, não pare; caro FHC, pare, por favor, ou leve a honrada Dilma e o líder popular para você.

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