É claro que é muito cedo para descartar qualquer possibilidade acerca da queda do avião em que estava o ministro Teori Zavascki. Eu, no entanto, tomei uma medida drástica desde que o senhor Lula da Silva assumiu o poder, mais de uma década atrás: viajante contumaz que eu era pelas estradas brasileiras, nunca mais pus o pé fora da porta.
O motivo é óbvio: aqui se morre de Brasil. De incompetência, de irrelevância, de bala perdida, de buraco na estrada. Não se dá o menor valor à vida, nem mesmo dos proprietários das mesmas, que se arriscam diariamente nesta pocilga para continuar respirando o ar fétido. Há motivos sim – muitos – para que não tenha sido um acidente. Mas há muito mais motivos para que tenha sido.
A começar pelo fato de que o ministro foi “corajoso” ao assumir uma cadeira num avião daqueles, no momento da vida em que estava. É óbvio que deveria zelar pela própria existência, dada a importância do que estava fazendo. Me parece que um misto de ingenuidade, confiança nas aeronaves de pequeno porte e alcance, confiança no mau tempo, confiança na capacidade do brasileiro de dar um jeitinho em tudo foram as causas principais do acidente.
Em respeito ao homem público, me abstenho tanto de acreditar nas teorias conspiratórias quanto na possibilidade de ter sido uma licenciosidade dele mesmo. Já afirmei por aqui que procuro não parar debaixo das pontes. Sou engenheiro. Sei como elas andam sendo construídas, só com a metade do dinheiro. A outra metade é transferida em tenebrosas transações.
O que fica é o perigo, rondando nossas cabeças incautas, de que tudo desabe num trágico “acidente pavoroso”. Conta agora a do papagaio. Nunca é tarde para lembrar a inutilidade de um atentado dessa monta, uma vez que a equipe toda do ministro continua viva, não é mesmo? Ou será que eles não sabem do que se trata a Lava Jato?