Não demorou para se espalhar a notícia de um posto de combustível que recebeu um carregamento de gasolina tarde da noite próximo ao Farol da Barra, em Salvador. Com as bombas liberadas para os clientes às 6 horas da manhã, uma fila se formou logo no amanhecer. A correria tinha razão de ser: o posto não garante que o estoque duraria até a noite nem se ele seria renovado em breve.O administrador Fabiano Prazeres, a dois carros de alcançar seu objetivo, diz que contabilizou uma hora e meia de espera. Conta que soube da notícia por um grupo na internet que troca informações e correu. “Vi notícias de que hoje seria último dia que ainda iriam abastecer os postos e, como não sabemos se vai durar muito a situação, preferi tentar.” Morador da Graça, bairro de classes média e alta não muito longe dali, ele trabalha na Liberdade e precisa cumprir um percurso de mais de dez quilômetros. Quis garantir o expediente por mais um tempo. “Transporte público também ficou complicado.”Com uns 20 carros à sua frente, Jadson Oliveira é auxiliar-administrativo e espera pacientemente saboreando uma quentinha comprada em um restaurante das redondezas. Morador do Cabula, trabalha na Barra mesmo, percorrendo habitualmente cerca de 16 quilômetros. Estava em horário de almoço quando passou e viu a fila. “Já fui entrando. Resolvi comer no carro mesmo e aproveitar a pausa para ver se conseguia abastecer”, conta. Afirma que, desde quarta-feira, precisava colocar gasolina. Agora o ponteiro está na reserva. Informado que a oferta na bomba poderia não resistir até chegar sua vez, ele responde resignado: “Se não colocar, deixo o carro no trabalho e tento pegar ônibus”.Garante que apoia o movimento dos caminhoneiros, apesar dos transtornos para todos. “É um absurdo o preço do combustível e toda essa nossa situação. Se não for assim, ninguém consegue nada.”