Como a IA virou aliada dos médicos em atendimentos mais humanizados
Com a tecnologia, os profissionais ganham mais tempo para melhorar os atendimentos

A experiência em consultórios muitas vezes é frustrante para pacientes e médicos. Segundo a plataforma de saúde Medscape, 67% dos médicos no Brasil gastam mais de dez horas semanais com burocracia e 36% se consideram sobrecarregados, o que aumenta casos de burnout e reduz a qualidade dos atendimentos. A inteligência artificial generativa — tecnologia capaz de criar textos, imagens e outros conteúdos a partir de grandes bases de dados — surge como aliada para amenizar esse problema.
“O médico se forma para atender pessoas, não para preencher formulários. Agora, com a tecnologia, é possível transcrever consultas automaticamente”, afirma Eduardo Lapa, cardiologista e diretor da Afya Educação Médica, que oferece cursos de especialização para médicos. “Isso permite mais tempo para interação com o paciente e atualização profissional.”
Além da transcrição, a IA auxilia no diagnóstico, identificando padrões a partir de vastos bancos de exames. O setor de saúde já investe pesado nessa tecnologia: segundo a Fortune Business Insights, o mercado global de IA na saúde deve crescer de 20 bilhões de dólares em 2023 para 491 bilhões em 2032. Os investimentos já têm gerado benefícios, também, na assertividade do diagnóstico, já que a tecnologia tem condições de indicar pontos de atenção, com base na leitura prévia de milhões de exames semelhantes.
“Atualmente, o setor de saúde não é financeiramente sustentável. A IA tem o potencial de levar eficiência ao atendimento e de colocar o paciente no centro do cuidado”, afirma Andrey Abreu, diretor corporativo de tecnologia e produtos da empresa de tecnologia aplicada à saúde MV. Ele prevê que o setor pode se tornar totalmente digital no Brasil em apenas dez anos. “As ferramentas para isso já existem.”
Publicado em VEJA, fevereiro de 2025, edição VEJA Negócios nº 11