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Como viver mais

Estudo aponta que evitar cigarro e álcool, controlar a dieta e praticar exercícios físicos pode atenuar os efeitos de predisposições genéticas negativas

Por Tiago Cordeiro
Atualizado em 3 jun 2024, 16h33 - Publicado em 1 jun 2024, 08h00

Qual é o peso das origens familiares nas chances de viver mais e melhor? E quanto influem seus hábitos do dia a dia, como o que bebe e come, e se mexe ou não com o corpo?

Uma pessoa com predisposição genética a ter problemas graves de saúde apresenta, em média, chances 21% maiores de morte precoce em comparação com pessoas cujo DNA aponta baixo risco para esses problemas, seja qual for o estilo de vida. Se a pessoa mantém uma rotina pouco saudável, é sedentária ou tem alimentação desbalanceada, dorme mal e abusa de álcool e cigarro, o risco de morte precoce sobe para 78% — independentemente da genética.

A conclusão é de um estudo publicado no final de abril por pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Zhejiang, na China, e da Universidade de Edimburgo, na Escócia. Eles avaliaram os dados de 353 742 pessoas cadastradas no UK Biobank, um banco de dados de cidadãos europeus. Os pesquisadores verificaram que cuidar da saúde pode adicionar 5,2 anos de expectativa de vida a uma pessoa mesmo com predisposição genética desfavorável.

A análise revelou também que a combinação de predisposição genética desfavorável e estilo de vida inadequado mais que dobra o risco de morte precoce, comparado ao extremo oposto de boa genética e hábitos saudáveis. “O estudo parte do conhecimento prévio de que a genética tem um peso de 16% na sua longevidade. Os outros 84% são fatores ambientais”, afirma a geneticista Lygia da Veiga Pereira, chefe do Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias (LaNCE) da Universidade de São Paulo. “E confirmou que, em média, o estilo de vida tem mais poder em influenciar a longevidade do que a genética.”

A geneticista Mayana Zatz, do Centro de Pesquisa sobre o Genoma Humano e Células-Tronco, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, lidera um estudo no Brasil sobre a genética de pessoas com mais de 90 anos que se mantêm saudáveis mesmo sem um estilo de vida ideal. As descobertas vão permitir entender melhor de que forma a genética influencia a longevidade com saúde. “É muito importante não descuidar dos hábitos saudáveis, especialmente da prática de atividades físicas”, afirma Zatz. Pereira concorda: “Se conseguirmos melhorar exercício, alimentação e fumo, além de oferecer saneamento básico, o impacto na saúde da população será enorme”.

Publicado em VEJA, maio de 2024, edição VEJA Negócios nº 2

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