Verão o ano todo: saiba como proteger sua pele do sol em todas as estações
Para evitar manchas, envelhecimento e câncer de pele, médicos recomendam o uso de protetor solar todos os dias — e não apenas na praia ou nos bloquinhos

Basta caminhar em qualquer praia do Brasil, ou perto de uma piscina, para encontrar muitas pessoas passando protetor solar em si mesmas e nos filhos. Mas essa cena não costuma se repetir em outros ambientes urbanos. Isso é um erro: os protetores solares deveriam fazer parte da rotina, em qualquer ambiente e época do ano. Até mesmo em dias de chuva, ou para pessoas que passam o dia trabalhando em ambientes fechados.
“O sol tem efeito cumulativo. O câncer de pele não vai aparecer depois de uma única exposição desprotegida, mas ao longo dos anos ele pode se manifestar, assim como o envelhecimento da pele e o aparecimento de manchas”, afirma a médica Bianca Costa Soares de Sá, coordenadora do Departamento de Oncologia Cutânea da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
O risco de não se cuidar é alto. Em 2022, o Instituto Nacional de Câncer estimou que o Brasil registraria cerca de 220 000 novos casos de tumores de pele por ano no período de 2023 a 2025. Ainda assim, de acordo com outro levantamento, feito no ano passado pelo Instituto de Cosmetologia e Ciências da Pele (IC), 65% dos brasileiros não usam um produto de proteção diariamente. Aliás, caso apareçam manchas ou sinais na pele que cocem, ardam, descamem ou sangrem, é fundamental procurar ajuda médica.
Aplicações diferentes
O próprio hábito de passar o protetor somente quando a pessoa já está na areia representa um risco, como orienta Sá. “No caso de exposição intensa e prolongada, em ambientes abertos, o ideal é aplicar o produto vinte minutos antes de sair para o sol. Se for usar roupas de banho, a recomendação é aplicar o protetor antes de se vestir, diretamente sobre a pele limpa”, afirma a médica. Além disso, é importante reaplicar a cada duas horas, ou depois de sair da água ou de fazer alguma atividade que provoque muito suor. E o fator de proteção tem que ser de, no mínimo, 30.
Já para o dia a dia, basta aplicar o produto nas áreas que estarão expostas, incluindo braços, mãos, orelhas e, se for o caso, no colo, quando se usa roupa decotada. É essencial aplicá-lo sempre vinte minutos antes da exposição ao sol. Nesse caso, não é necessário repetir o uso obrigatoriamente, a menos que a exposição ao ar livre se prolongue — ou, então, que a pessoa tenha aplicado o protetor pela manhã, antes de sair para o trabalho, e vá se expor ao sol novamente, por exemplo, na hora do almoço.
Saúde preventiva
Os participantes da pesquisa do IC revelam que o principal motivo para não utilizar protetor solar é a textura, que incomoda, seguido do preço e da falsa percepção de que o produto não é essencial para a rotina. Para tentar reverter a baixa adesão, as empresas do setor buscam responder a essas avaliações com campanhas de conscientização e o lançamento de novas linhas de produtos.
É o caso da Kenvue, empresa que surgiu em 2023 a partir da divisão de consumo da americana Johnson & Johnson. Ela fabrica no Brasil todos os produtos da marca Neutrogena. Para incentivar o uso do protetor solar, a Kenvue tem distribuído o produto gratuitamente em eventos de grande porte, como o Carnaval, festivais de música e eventos esportivos ao ar livre.
“Apesar de vivermos em um país tropical, com temperaturas altas, o consumo de protetor ainda é baixo em relação ao tamanho da população”, diz Sabrina Tichauer, diretora de marketing de produtos de cuidados com a pele na Kenvue. “Protetor solar é uma ferramenta de saúde preventiva.”
Publicado em VEJA, fevereiro de 2025, edição VEJA Negócios nº 11