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Cidades sem Fronteiras

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Desconfiança sobre comida estimula horta em telhados de Hong Kong

Casos de falsos orgânicos, leite contaminado e criação irregular de porcos faz morador querer plantar seus próprios vegetais

Por Mariana Barros Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 18h36 - Publicado em 20 mar 2017, 06h50

Enquanto o Brasil tenta entender quais serão os efeitos práticos da Operação Carne Fraca, Hong Kong encontrou uma alternativa para lidar com a insegurança alimentar. A região já sofreu com escândalos envolvendo porcos que ingeriram substâncias irregulares para crescerem mais, leite contaminado com melamina tóxica e a falta de transparência no certificado para orgânicos.

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De dez anos para cá, uma onda verde de plantio de vegetais voltados ao consumo humano tem se espalhado pelos telhados de casas e em topos de edifícios. Isso porque, quanto mais próximas do local de produção estiverem, mais seguras as pessoas se sentem em relação ao que comem. Em Hong Kong, a sensação de insegurança é agravada pelo fato de que 90% dos alimentos consumidos por seus moradores são produzidos além de suas fronteiras. A importação tende a aumentar, já que, há cinquenta anos, apenas 40% da comida tinha origem estrangeira. A produção local tenta romper com essa tendência também, ainda que numericamente não seja representativa.

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Hoje já são 450 telhados verdes espalhados por Hong Kong, boa parte deles fruto do trabalho da empresa Rooftop Republic. Fundada por três jovens, a companhia criou uma verdadeira fazenda de arranha céus, aproveitando helipontos desativados e outros espaços sem função. A produtividade é garantida por sistemas de irrigação automática e plantio rotativo das espécies da estação, entre alface, batata-doce, espinafre, rabanete, couve, feijão e quiabo. Parte da colheita vai para um armazém onde é embalada em lancheiras e distribuída aos mais pobres. Já no canteiro próximo ao aeroporto, os frutos do plantio são levados para a casa dos funcionários de companhias aéreas. Todo o trabalho de cultivo fica a cargo da Rooftop Republic, mas cabe a cada cliente definir a finalidade dos alimentos.

Nos últimos dois anos, foram criadas, em média, uma nova fazenda por mês. Para este ano, a meta é criar cinquenta novos espaços produtivos. Nada mal para um mundo onde cada vez mais duvidamos do que comemos.

 

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