Apoiado na ideia de que parte do time do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda vive com um pé no passado, o deputado federal André Janones (Avante-MG) deixa claro que não vai recuar das críticas à atual política de comunicação do governo federal. Convidado desta semana do Amarelas On Air, programa de entrevistas de VEJA, o parlamentar insiste que é preciso jogar o mesmo jogo do bolsonarismo. E cobra do governo que pare de menosprezar o adversário.
Com cuidado para não jogar lenha demais na fogueira, Janones mantém aberta a divergência com o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta. Na semana passada, os dois protagonizaram um embate público, após Janones criticar nas redes o rumo da comunicação governamental. Em entrevista, o ministro rebateu. E argumentou que a Secom não é lugar para “lacração”.
“Eu gostaria que não tivesse (que ter lacração). Mas tem que ter. Hoje, tem que ter. Enquanto a gente não modificar a lógica das redes sociais, tem que ter”, afirmou o deputado. Janones teve o cuidado de fazer elogios ao ministro e dizer que a relação entre ambos é de respeito. Pimenta chegou a contatar o deputado e a fazer uma nova postagem, mostrando-se aberto ao diálogo. Ainda assim, Janones enxerga como necessária uma mudança de rumo.
“Eu tenho feito algumas observações a respeito da comunicação, que, de fato, é o ponto fraco do governo até aqui. Precisa ser melhorada. Mas a gente vê que existe resistência de alguns setores, que ainda acreditam que é possível fazer a política no formato dos anos 80, dos anos 90. Não é possível”, disse Janones.
O deputado admite que isso significa, em alguns momentos, aceitar a “baixaria”, “voltar para a 5ª série” se necessário. Foi o que ocorreu, segundo ele, no episódio em que bateu boca com o deputado Nikolas Ferreira, a quem se referiu como “chupetinha”. O importante, diz o parlamentar, é combinar esse jogo a uma política séria. “Eu tenho certeza. Estou convicto de que é a única maneira. É descendo para a lama para lutar com eles lá, usando as mesmas armas que eles, transmitindo mensagens diferentes.”
Questionado se enxerga um movimento para excluí-lo do governo e de espaços relevantes na Câmara, Janones admitiu ter se frustrado ao ficar fora da CPMI dos atos de 8 de janeiro e da vice-presidência da Comissão de Constituição e Justiça, como chegou a ser negociado. Mas disse não se abalar. “Me deixar fora do governo é impossível, porque eu não sou dependente do governo para absolutamente nada.”
Com apresentação desta colunista, o Amarelas On Air chega à sua terceira temporada. Inspirado nas tradicionais Páginas Amarelas da edição impressa de VEJA, o programa recebe a cada semana um convidado, sempre um nome relevante da cena política e econômica.
O Amarelas On Air é parte da estratégia digital de VEJA, que contempla a expansão da área de vídeo e de projetos multimídia. A entrevista será transmitida no YouTube, com trechos veiculados também no Facebook, Twitter, Instagram, LinkedIn e TikTok.
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