Olhando a repercussão do show preparado ontem por Jair Bolsonaro para embaixadores, com anuência de setores do Itamaraty e das Forças Armadas, fica difícil enxergar algum resultado favorável ao presidente que vá além de uma leve mobilização da sua base eleitoral mais radical. Aquela que não precisa de nenhum convencimento e que vai votar no presidente aconteça o que acontecer.
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Bolsonaro conseguiu internacionalizar seu discurso contra o sistema eleitoral, mas, aparentemente, não a seu favor. Os embaixadores, alvo original da empreitada, não saíram em nada convencidos dos argumentos do presidente contra a urna eletrônica. Deixaram o Palácio da Alvorada prontos para relatar aos seus países que o chefe do Executivo brasileiro segue fazendo ameaças às instituições e parece já saber que não vai levar a eleição.
Inclusive aliados de Bolsonaro viram na sua atitude um erro estratégico e uma falta de foco na busca por votos, pondo em risco uma agenda positiva construída ao custo de um atropelo do teto de gastos e da lei eleitoral.
No fim das contas, Bolsonaro, mais uma vez, deu munição ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Enquanto petistas se revezavam em declarações sobre como o presidente ensaia um golpe e faz uso indevido da máquina pública, Lula foi para as redes sociais. Ali, teve a chance de fazer pose de estadista e apontar o dedo para o adversário.
“É uma pena que o Brasil não tenha um presidente que chame 50 embaixadores para falar sobre algo que interesse ao país. Emprego, desenvolvimento ou combate à fome, por exemplo. Ao invés disso, conta mentiras contra nossa democracia”, escreveu Lula.
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