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Clarissa Oliveira

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Os escorregões de Lula e Bolsonaro no debate da Band

Confronto entre presidenciáveis na TV evidencia guerra de rejeição no segundo turno da corrida ao Planalto

Por Clarissa Oliveira Atualizado em 17 out 2022, 08h19 - Publicado em 17 out 2022, 08h13
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  • O debate realizado na noite de ontem nos estúdios da TV Band, em parceria com Folha, Uol e TV Cultura, evidenciou a que ponto o segundo turno da eleição se resumiu a uma guerra de rejeição entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Jair Bolsonaro. Muito do que poderia ter sido dito em relação ao projeto de cada um deu lugar a troca de acusações, inverdades e pegadinhas para arranhar a imagem do adversário. Tudo com o objetivo de levar o eleitor a votar contra e não a favor.

    +Leia também: Bolsonaro ganha de Lula no debate da corrupção e perde no da pandemia

    Nesse jogo de ataques, houve várias ocasiões em que Lula e Bolsonaro escorregaram na casca de banana. O debate terminou equilibrado. Os dois lados acumularam prejuízos, mesmo tendo sido bem-sucedidos em acertar alguns golpes no adversário. Confira alguns dos principais trechos em que Lula e Bolsonaro erraram na mão durante o debate.

    Bolsonaro e a Covid-19 
    No primeiro bloco, Bolsonaro até tentou sapatear em cima do tema do Auxílio Emergencial e do Auxílio Brasil. Mas Lula saiu-se em bem em exaltar uma política de distribuição de renda que foi além do Bolsa Família. E virou o jogo ao enquadrar o presidente no tema da pandemia. Mesmo dando várias voltas, Bolsonaro não conseguiu justificar sua política de combate à doença, principalmente em relação à vacinação.

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    Crime Organizado x Milícias
    Bolsonaro empenhou-se em associar Lula ao crime organizado. Fez um malabarismo para acusar o petista de firmar um acordo para proteger Marcola. Lula baixou a guarda e acabou embarcando numa discussão sobre transferência do líder do PCC para outro presídio. Ainda assim, Bolsonaro errou grosseiramente ao dizer que o petista, ao visitar o Complexo do Alemão, só se cercou de traficantes. Deu ao rival a chance de acusá-lo em rede nacional de tratar todos os moradores das comunidades como criminosos.

    Linguagem corporal

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    Nos primeiros blocos, Lula soube usufruir bem das regras que permitiam trânsito livre pelo estúdio. Controlou muito bem o espaço nas câmaras e usou essa tática inclusive para alfinetar Bolsonaro sobre a agressão feita por ele no debate passado à jornalista Vera Magalhães. Em determinados momentos, Bolsonaro parecia coadjuvante. Mas, no bloco final, Bolsonaro mudou de tática. Parou de deixar Lula dominar a tela. E conseguiu irritar o rival, chegando ao  ponto de colocar a mão no seu ombro.

    Pedofilia
    Bolsonaro foi ao debate preparado para rebater o fato de a campanha petista ter disseminado dias antes o vídeo em que o presidente diz que “pintou um clima” com meninas venezuelas de 14 anos. Mas o presidente resolveu ele próprio trazer esse tema para um debate em rede nacional, antes mesmo que o rival falasse no assunto. Até para não atrair a rejeição do eleitor que foge da briga de foice, a única referência feita por Lula sobre o assunto foi o bóton com o símbolo do combate à exploração de crianças e adolescentes. Se algum eleitor não estava ciente do vídeo, o próprio Bolsonaro lhe contou durante o debate.

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    Petrolão
    Lula passou por um treinamento intensivo para lidar com acusações de corrupção. Ainda assim, Bolsonaro saiu-se bem ao retomar o escândalo de desvios na Petrobras no terceiro bloco. O petista custou a convencer ao minimizar as denúncias que atingiram a estatal, abrindo as frases dizendo “se houve corrupção na Petrobras”. E ainda se estendeu mais do que deveria em explicações sobre acordos de leniência.

    Banco de tempo
    Lula administrou mal o tempo no último bloco do debate. Como resultado disso, o presidente Jair Bolsonaro teve longos cinco minutos para sua última exposição. Entregou o palco ao adversário, sem reservar minutos necessários para rebater.

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