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Bolas da vez

Modas e verdades acerca das raquetes

Por Lucilia Diniz
11 jul 2024, 17h55
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  • Escrevo este texto de Londres. A cidade está coberta por menções ao torneio de Wimbledon, cuja final acontece neste fim de semana. É natural que, sendo o tênis uma invenção britânica, aqui se respire o esporte mais do que em qualquer outro lugar. Ao mesmo tempo, não é de hoje que o imaginário das quadras vem se espalhando de diferentes formas por lugares bem distantes das capitais do Grand Slam.

    No Brasil, o beach tennis se instalou com vigor. Quadras para sua prática se multiplicaram pelas praias, e mesmo por cidades sem qualquer faixa natural de areia, como uma opção segura de atividade física distanciada e ao livre, na retomada da vida pós-pandemia.

    O que nasceu por força dessa contingência se tornou um hábito hoje incorporado à rotina de pessoas de todas as idades, que se reúnem para praticar uma atividade ao mesmo tempo benéfica e lúdica.

    Com seu ar praiano, o jogo evoca outras diversões comuns em nosso litoral, como o frescobol, o vôlei de praia e o futvôlei. É, ainda, mais democrático e descomplicado do que o parente do qual empresta o nome, mas não as regras.

    À diferença do “beach”, o tênis original, no saibro ou na grama, é associado à elite, por exigir materiais caros. Não à toa, grifes tradicionais exportaram para o dia a dia um visual ligado ao esporte, que evoca ideias de lazer luxuoso.

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    Leio que essa tendência ganhou nome, “tennis core”, impulsionada pelo filme “Rivais”, que conta a história de um triângulo amoroso de jovens tenistas. A atriz Zendaya se tornou uma espécie de garota-propaganda do estilo, desfilando nas premières com improváveis misturas de decotes e tricô, e sapatos com saltos altos finalizados por bolas.

    A apropriação da parte pelo todo é um mecanismo comum do marketing. Do tênis, ao que parece, a aura de elegância atemporal foi a porção escolhida. Mas o mundo real do esporte é outra história, bem diferente, feita de muito suor – e, em alguns casos, como o de Roger Federer, de dor. Outro filme, que entrou há pouco no streaming, conta sua trajetória a partir do final.

    “Federer – Doze Últimos Dias” narra como as repetidas lesões nos joelhos fizeram o jogador suíço decidir se aposentar, em 2022. Tinha 41 anos e um status de lenda viva.

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    Nos momentos que antecedem o anúncio de sua despedida, ele reflete sobre a carreira, que seria selada com um jogo final na mesma Londres onde ele foi oito vezes campeão.

    Bem mais do que na silhueta ajustada dos looks de passarela inspirados em uniformes alvos, é nas cenas de Federer em quadra que a elegância do esporte chega ao ápice. Closes destacam seus saltos e movimentos. É quase como um balé – não à toa, ele é comparado ao russo Mikhail Baryshnikov, outra estrela, mas dos palcos.

    Na hora da despedida, os fãs do lado de fora do ginásio pedem, chorando, que não pare. Em um lance quase didático, essa espécie de semideus desce à Terra e perde seu lance final. Jogando ao lado do amigo Rafael Nadal, se dobra à dupla mais jovem do outro lado da quadra.

    O filme sublinha a emoção. É de fato difícil desistir de algo construído ao longo de toda a vida, com tanta excelência. Mas, como diz Federer, parar “é como ir para uma partida importante”. E, como tudo na vida, é preciso se concentrar no instante. “Você está no vestiário, tudo está pronto, você está pronto. Só precisa esperar o momento de ir.”

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