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Festividades e identidades

O papel das paradas na celebração de uma cultura

Por Lucilia Diniz
16 Maio 2024, 18h37

Há uma semana, fui a Nova York com meu marido, Luiz, para uma conferência de trabalho. Andávamos ao longo do Central Park na tarde de sábado quando nos deparamos com um cortejo colorido.

Sobre um tapete vermelho, desfilavam pessoas de todas as idades vestindo quimonos. Origamis gigantes e sombrinhas, danças e encenações de lutas passavam diante de nós. Ao redor, o público acompanhava e aplaudia o que via, lotando banquinhas de comida e de artes nipônicas.

A Japan Parade, que encheu os nossos olhos naquele sábado, estava chegando apenas à sua terceira edição. Mas eventos como esse são uma verdadeira tradição americana celebrando a identidade, ou melhor, as identidades que compõem os Estados Unidos.

Fiquei me perguntando por que, sendo o Brasil também uma nação multicultural, essa moda nunca pegou aqui. Alguém poderia dizer: ora, que graça um brasileiro, que tem o Carnaval, pode achar numa festa dessas? Pois eu digo que muita.

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Várias paradas, como a japonesa, nasceram em comunidades de imigrantes. A de São Patrício, no dia 17 de março, data do patrono dos irlandeses, é uma das mais antigas – a primeira foi em 1762. Em um país em que católicos são minoria, um desfile era mais apropriado do que uma solene procissão. Tornou-se tão forte que, em 1903, também a Irlanda passou a ter paradas para o padroeiro.

Muitas vezes a tradição se mistura à comemoração de algo recente. A parada que vimos, por exemplo, tratou da amizade entre o Japão e os Estados Unidos, que recentemente firmaram um acordo de cooperação.

Hoje há festividades lembrando veteranos de guerra, Martin Luther King, Páscoa, Natal e Ação de Graças – neste acontece a concorrida parada da Macy’s. Conhecida por seus balões gigantes, ela chega ao centenário em 2024.

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Em outros países, causas importantes aparecem. O Carnaval de Dusseldorf, na Alemanha, costuma trazer alegorias sobre causas prementes, como a mudança climática. Justiça seja feita, também no nosso escaldante festejo de Momo, por baixo da fantasia, aqui e ali comparecem protestos. Não é raro que blocos e escolas de samba comentem fatos do noticiário. Mas, em geral, outros sentidos, que não o político, prevalecem.

Por outro lado, a festa que mais atrai turistas a São Paulo até parece um Carnaval – mas não é. Alardeada como a maior de seu gênero no mundo, a Parada LGBT+ paulistana é realizada nos moldes das americanas e atrai milhões para falar de luta e de pautas importantes para a comunidade. Ela, aliás, nasceu em 1996 quase como uma manifestação, com umas duas centenas de pessoas.

O evento do arco-íris sempre acontece no domingo após o Corpus Christi, para que pessoas de todos os estados possam viajar, aproveitando o feriado prolongado. Em paralelo, no mesmo feriado religioso, é também quando se realiza a Marcha para Jesus, data importante do calendário evangélico, que também se reveste de assuntos importantes para os cristãos.

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Neste ano, as duas paradas de São Paulo acontecem na última semana deste mês. Diante da tragédia no Sul do país, seria hora de, com cores e com fervor, aproveitar a mobilização dessas multidões para reunir ajuda para nossos irmãos gaúchos.

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