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Coluna da Lucilia

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O fim de uma era

O impacto das canetas emagrecedoras na indústria da perda de peso.

Por Lucilia Diniz
Atualizado em 8 Maio 2024, 16h57 - Publicado em 11 jan 2024, 17h52
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  • A novidade ainda não chegou por aqui. Mas, como costuma acontecer com grandes mudanças culturais, calculo que seja questão de tempo. Com os ajustes devidos, filiais no mundo todo da empresa americana de gerenciamento de peso WeightWatchers devem passar a receitar canetas emagrecedoras como parte de seu famoso método.

    Para mim, essa mudança chamou mais atenção do que saber que a prestigiosa revista “Science” deu às canetas, originalmente desenhadas contra o diabetes, o título de maior avanço científico de 2023 – e olha que foi o ano da explosão da inteligência artificial. Que elas tenham sido incorporadas a um programa reconhecido mundialmente me parece um indicativo muito claro de que as canetas carregam, além de drogas de ponta, o fim de uma era no emagrecimento.

    O WeightWatchers, ou WW, existe há 60 anos. Estive entre os milhões de pessoas que se beneficiaram do programa e de similares. Como ex-Vigilantes, imagino que seguidores fiéis possam ver incongruência na medida.

    Isso porque o método, de fama justificada, propõe a mudança de hábitos. Baseado na livre escolha de alimentos dentro de um total de pontos (que também sempre preguei no meu sistema de cotas) e em reuniões de grupos de apoio, criou uma cultura inovadora. Tirou de cena as dietas restritivas em nome de um estilo de vida que traz os resultados.

    Foi na maturidade que a companhia adotou uma nova visão. Em 2018, a sigla WW passou a indicar “wellness that works” (bem-estar que funciona). Depois de comprar, no ano passado, uma empresa de saúde digital, lançou a WeightWatchers Clinic, serviço de telemedicina que agora vai prescrever os medicamentos para emagrecer.

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    Novos paradigmas não se impõem de uma vez. Leva um tempo até termos certeza que não estamos diante de mais uma promessa vã. Mas, até agora, as canetas emagrecedoras vêm surpreendendo.

    Escrevi sobre elas em março, logo após a cerimônia do Oscar. O primeiro sinal do tamanho de seu impacto foi o boca-a-boca entre celebridades. Naquele momento, eram ainda uma novidade a observar com cautela. Mas a onda virou tsunami, com repercussões até na economia. A Novo Nordisk, fabricante do medicamento, se tornou a companhia mais valiosa da Europa, e bancos aqui já oferecem investimentos lastreados por suas ações.

    De lá para cá, relatos e pesquisas mostraram que ela é útil não só para controlar a “fome errada” mas também o vício em cigarro, álcool e apostas. Por outro lado, há quem experimente efeitos colaterais indesejados.

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    Parte do sucesso do Vigilantes e similares reside em identificar gatilhos para a compulsão e controlar os desejos engordativos. Se as canetas ajudam nisso, sua adoção é uma evolução lógica.

    Acredito firmemente que os resultados duradouros e que trazem qualidade de vida dependem de boa alimentação e exercícios físicos. Essa combinação, não me canso de repetir, é o que promove, mais do que apenas o emagrecimento, o equilíbrio geral. Mas os tempos mudam, e nós mudamos com eles.

    Drogas sozinhas, também não custa repetir, não fazem milagre, e mesmo as canetas emagrecedoras só funcionam durante o tempo em que são usadas. Porém não me oponho a nenhuma técnica que, respaldada pela ciência, possa ajudar na conquista do peso ideal, que é o que traz saúde e bem-estar para cada um.

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