Todo ano, em 4 de março, Dia Mundial da Obesidade, somos lembrados de um corpo que não para de aumentar: o de pessoas acima do peso no mundo. Por volta dessa data, a enxurrada de notícias variadas sobre o tema marca a evolução de uma epidemia que não parecemos capazes de conter.
Nesta semana, aprendemos que, de cada oito pessoas no mundo, uma é obesa. Se você pensar numa sala de aula de 40 alunos, não tem mais um único “gordinho” objeto de troça, ou que tenta ser o mais engraçado, esperto ou simpático para compensar o aspecto físico. Do grupo, cinco estarão acima do peso.
O mundo superou a marca de 1 bilhão de obesos – o triplo da população dos Estados Unidos. Desse mundaréu, cerca de 10% são crianças e adolescentes – entre eles, o problema atinge mais os meninos, o que talvez reflita as pressões sociais para que as mulheres se mantenham magras desde cedo. Mas, independentemente de gênero, se os jovens não tiverem ajuda para sair dessa situação, engordarão a faixa dos adultos em poucos anos
Aliás, esses dados, vindos de uma pesquisa britânica feita em conjunto com a Organização Mundial da Saúde, se juntam a outro, bem pesado. Segundo a Federação Mundial de Obesidade, o número de pessoas com sobrepeso vai triplicar até 2035.
Tratar a obesidade, estima-se, pode custar até U$ 4 trilhões. É quase a quantia anual requerida para que o planeta cumpra as atuais metas climáticas contra o aquecimento global. Mas, ao contrário do que parece, nós sabemos, sim, como barrá-la.
A combinação de exercícios físicos e alimentação equilibrada continua sendo a regra de ouro para quem quer manter o corpo funcionando bem. Alguns, mesmo se a seguirem, ainda terão mais gordura corporal que outros, por uma diversidade de fatores. Porém nem todas teriam por que chegar ao grau de sobrepeso que ameaça à saúde.
Não preciso dizer, pois a informação está amplamente divulgada, mas existem ainda muitos tratamentos auxiliares. Não cabe a mim ou a qualquer outra pessoa alardeá-los de maneira indiscriminada. Cada caso é um caso, e todo programa de emagrecimento requer acompanhamento profissional adequado. Inclusive de saúde mental.
Dos anos 1990 para cá, vimos a internet nascer, a comunicação se tornar instantânea, as redes sociais virarem uma parte primeiro importante e, hoje, preponderante do nosso cotidiano. Tudo isso trouxe muitos benefícios. A informação está ao alcance dos dedos, mas nem sempre com filtros e, às vezes, de modo perigoso. A ansiedade também aumentou.
A rotina atribulada de quem vive nas cidades leva muitas vezes a hábitos pouco saudáveis, como o consumo de alimentos industrializados, muito calóricos, sem pausa adequada para comer. Além, é claro, do sedentarismo – quem não pratica exercício costuma dizer que não tem tempo para isso.
Não será por acaso que a obesidade cresceu conforme nos tornamos mais conectados – no trabalho, nas conversas – e, paradoxalmente, menos atentos à saúde. Nesse mesmo período de três décadas tão cheias de novidades, fomos engordando a passos largos. Todo ano, recebemos um novo alerta. O que fazemos com isso é outra coisa. É preciso agir coletivamente contra os riscos que estar acima do peso traz. Caso contrário, viveremos daqui para frente, não o dia, mas a era da obesidade.