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Da Coreia para o mundo: a fantasia nua e crua de Bora Chung

Escritora sul-coreana, que virá ao Brasil, usa a literatura fantástica para expor os desafios de mulheres e outros sujeitos assombrados pelo cotidiano

Por Diogo Sponchiato Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 20 Maio 2024, 15h42

Uma mulher que pare uma cabeça falante no vaso sanitário, outra que engravida sem ter tido relações sexuais após um grande fluxo menstrual e precisa encontrar um pai para o bebê, uma família especializada em fabricar objetos amaldiçoados… É a esses personagens, vivendo na linha tênue entre o real e o fantástico, que somos apresentados em Coelho Maldito, a coletânea de contos da sul-coreana Bora Chung, publicada pela editora Alfaguara.

Finalista do International Booker Prize de 2023, o livro reúne a produção de uma autora que dá asas à imaginação para refletir sobre desafios bem tangíveis no dia a dia, como a sobrecarga de mulheres que têm de se virar e se provar em ambientes hostis ou os pequenos dramas e horrores com os quais cidadãos comuns são confrontados na rotina. São relatos surreais… e instigantes. Sobre as dores do corpo e da alma.

Bora é uma estudiosa e tradutora de literatura russa e polonesa. Soma essas influências ao apreço pelo folclore de sua terra natural e pelas histórias de assombrações asiáticas para montar relatos peculiares que se passam neste ou em outro mundo – vertidos do coreano para o português por Hyo Jeong Sung.

A autora de Coelho Maldito estará no Brasil no início de junho para participar de um encontro na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Com a palavra, Bora Chung.

 

O que mais a seduz na literatura fantástica?

As possibilidades! Tudo pode acontecer, e os leitores perdoam e aceitam tudo, mesmo o mais irreal e o impossível. Como escritora, posso construir um universo de imaginação e desfruto imensamente dessa liberdade. Outro ponto é que, na literatura fantástica, o enredo é irreal, mas a história tem de ser plausível. Os temas e os eventos em si podem falar do impossível, mas a trama tem de ser compreensível, aceitável e relatável. Como autora tenho de ser diligente na construção de um enredo irreal e convincente ao mesmo tempo, o que torna o trabalho ainda mais interessante.

Folclore coreano, histórias de fantasmas, narrativas do Leste Europeu… Quais são as principais influências em seu trabalho literário?

Acho que a literatura do Leste Europeu provocou em mim uma impressão consciente em grande escala. Nunca aprendi a escrever, por isso li e traduzi muita literatura polonesa e russa, estudei-as, observei os estilos dos escritores e as suas formas únicas de descrever o mundo. Portanto, em termos de arte da escrita, aprendi muito com essas narrativas.

Mas, num nível psicológico mais profundo, acho que os contos folclóricos coreanos e as histórias de fantasmas asiáticas me atraíram para o mundo do fantástico desde cedo. Eles me ensinaram a curtir e aproveitar o irreal e o imaginário. A alegria da imaginação é a grande força motriz quando escrevo.

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Em que medida seus escritos refletem os desafios e as transformações da mulher contemporânea?

Sempre me esforço para refletir as lutas e as transformações das mulheres contemporâneas, especialmente as asiáticas, porque sou uma delas. Aos 20 anos, eu estava mais irritada e confusa, e isso se refletia em minhas histórias. Agora estou mais consciente e cuidadosa sobre o que escolho escrever e como represento meus pensamentos.

A partir do feminismo, aprendi sobre os desafios semelhantes de outros grupos minoritários e marginalizados, como os deficientes, os LGBT+, os imigrantes e assim por diante. Aprendi a solidariedade. Então procuro ampliar meus horizontes porque entendo que estamos lutando, todos juntos, por um mundo melhor.

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