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Por que ‘O Príncipe’ não caduca? A atualidade de uma obra do Renascimento

Com nova edição do clássico de Maquiavel na praça, um dos maiores nomes no estudo de sua filosofia sintetiza por que o livro resiste à passagem do tempo

Por Newton Bignotto*
23 mar 2025, 20h45

Há muito tempo a obra de Maquiavel, O Príncipe em particular, fascina e horroriza leitores de todos os cantos. Alguns intérpretes já falaram que existe um enigma nos escritos do filósofo florentino, que talvez nunca venha a ser desvendado. Outros, até os dias atuais, mergulham nos textos procurando o nexo de suas proposições, muitas vezes desconcertados com a atualidade de suas proposições.

Há ainda os que atribuem características demoníacas aos seus escritos. Maquiavel, ele mesmo, nunca desejou dar à sua obra um caráter esotérico. Logo no prefácio de O Príncipe, afirma que pretende oferecer no livro o fruto de um longo aprendizado da política, “obtido com longa experiência das coisas modernas e contínua leitura das antigas.”

Em trabalho recente, O Jovem Maquiavel: O Aprendizado da Política, publicado pela Editora Bazar do Tempo – procurei mostrar como o autor teve em sua juventude um contato intenso com a política florentina e europeia e como essa experiência direta com a política do seu tempo o marcou e fez de seus escritos um marco fundador do pensamento político ocidental moderno.

+ LEIA TAMBÉM: O que Maquiavel diria a Lula, Trump e Putin?

Não se trata, no entanto, de pensar em suas experiências de juventude como uma preparação para uma obra futura. Maquiavel mergulhou na política
como um homem de ação e soube combinar a dimensão prática com a dimensão teórica de uma maneira que nos surpreende e encanta até hoje.

Embora seja impossível resumir em poucas linhas um pensamento tão complexo e rico, se tivéssemos de escolher uma de suas formulações para explicar sua atualidade, eu escolheria um trecho do capítulo XV de O Príncipe:

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“Mas sendo minha intenção escrever coisas úteis a quem interessar, pareceu-me mais conveniente procurar a verdade efetiva da coisa do que da sua imaginação. E muitos imaginaram repúblicas e principados que nunca foram vistos nem se soube que tenham existido de verdade; pois há tão grande distância entre a maneira como se vive e a maneira como se deveria viver que quem troca o que se faz por aquilo que se deveria fazer conhece antes sua ruína do que sua preservação”.

* Newton Bignotto é filósofo, pesquisador e professor aposentado da UFMG, onde lecionou por mais de 35 anos. Doutor pela École des Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris, é especialista em Filosofia do Renascimento, autor de obras como Maquiavel Republicano e O Jovem Maquiavel. Assina a apresentação da nova edição de O Príncipe, publicada pela Autêntica, da qual retira a citação para o seu texto

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