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Cristovam Buarque

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A nova ordem pode vir do Brasil

Uma “cortina de ouro” separa países ricos dos pobres

Por Cristovam Buarque Atualizado em 17 out 2025, 12h03 - Publicado em 17 out 2025, 06h00

Foi Winston Churchill quem concebeu a ideia de Cortina de Ferro a ser derrubada. Líderes posteriores formularam a estratégia do crescimento econômico como o bom caminho. A utopia socialista se desfez e o desenvolvimentismo capitalista foi bem-sucedido, sim, mas o equilíbrio ecológico está amea­ça­do, a pobreza persiste e a desigualdade se ampliou. No lugar da cortina que dividia o mundo entre países democráticos e comunistas, uma Cortina de Ouro serpenteia o planeta dividindo cada país em uma parte rica, integrada internacionalmente, e a parcela pobre, que compõe um arquipélago de ilhas de pobreza espalhadas no mundo. As fronteiras entre nações ficaram tênues mas a fronteira social ficou explícita, com um apartheid global.

O mundo precisa de uma nova doutrina que rejeite o cisma da riqueza e defenda um novo propósito para o progresso, baseado no aumento do bem-estar, o respeito à diversidade, a sustentabilidade ecológica, a democracia e a solidariedade. No novo mapa-múndi, cada país deve ser visto como pedaço do planeta, e cada pessoa um naco da humanidade. O vetor desse progresso está, digamos assim, no “Capital Conhecimento”. Sua base é a escola de qualidade para todos, promovendo uma transição de mentalidade da busca do crescimento econômico — concentrador de renda e depredador da natureza — para o propósito de desenvolvimento harmônico e sustentável. A nova doutrina deve defender desarmamento e tratar todo imigrante como ser humano, substituindo o clamor de “meu país primeiro”, por “primeiro, a humanidade”, representada pelo multilateralismo. Não há outra saída para a civilização.

“O mundo precisa de uma doutrina que rejeite o cisma da riqueza e defenda o progresso baseado no bem-estar”

No lugar da promessa de igualdade sem respeitar liberdade e individualidade, o que se deve propor é um piso social que conceda as necessidades essenciais; um teto ecológico, que limite o consumo depredador; e uma escada social para que todos possam ascender conforme seu talento. Em vez da luta de classes entre capitalistas e trabalhadores, a disputa em sociedade deve ser explicada pelo acesso diferenciado à escolaridade, entre os que têm e os que não têm direito ao conhecimento. O novo colonialismo já não se impõe de países ricos centrais sobre países pobres periféricos, mas por pessoas e empresas que controlam a tecnologia. A nova ordem percebe que as big techs devem ser reguladas conforme os interesses da humanidade.

A doutrina do saber, não surgirá de países com maioria rica, cujos eleitores não abrirão mão de seus privilégios, nem aceitarão estrangeiros fugindo do arquipélago de pobreza; tampouco surgirá de países sem massa crítica intelectual, política e econômica. Pode sair do Brasil, o melhor retrato da civilização contemporânea: há conquistas econômicas, tragédias sociais, riscos ecológicos e a tal Cortina de Ouro explícita. Somos o único país que, tendo capacidade para construir uma bomba atômica, adotou artigo na Constituição que a impede de desenvolver; não vetamos imigrantes geográficos e atendemos nossos imigrantes sociais com programas assistenciais; temos dimensão, pensadores, empresários, líderes e democracia para formular, além de um presidente com credibilidade internacional para ser o porta-voz da nova toada do Brasil de promoção do desenvolvimento, mas com justiça e sustentabilidade.

Publicado em VEJA de 17 de outubro de 2025, edição nº 2966

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