Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Dora Kramer

Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Coisas da política. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Crítica e autocrítica

O Brasil pode criar novas balizas para o exercício do contraditório

Por Dora Kramer Atualizado em 4 jun 2024, 16h32 - Publicado em 2 nov 2018, 07h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Ainda sob os efeitos do azedume geral, pode ser difícil pensar em produzir limonadas a partir da colossal quantidade de limões encruados nas almas e entalados nas gargantas país afora. Não falo de pacificações ao molde de conversões forçadas por um bom-mocismo de ocasião. Tampouco me refiro a pregações por união nacional mediante a interferência da figura de um pacificador, dada a semelhança com o anseio por um salvador.

    Tudo isso é mito. Civilizatório, realista e institucionalmente pedagógico é o aprendizado do exercício do contraditório dentro das balizas do bom-senso. A eleição de Jair Bolsonaro, do jeito e pelas razões (ainda a ser completamente desvendadas e catalogadas) que ocorreu, põe o Brasil diante de uma preciosa oportunidade de subir de patamar na qualidade das relações entre governantes e governados.

    Por paradoxal que soe, esse caminho foi aberto pelo ambiente de acirramento extremo que vem tomando conta do país já há algum tempo e que chegou aos píncaros durante a campanha eleitoral. Tivemos um processo inédito do qual resultou uma situação também sem precedentes. Nenhuma das eleições anteriores, desde a retomada do voto direto para presidente, produziu uma vitória que aborrecesse com tanta estridência tal volume de eleitores. O mesmo teria ocorrido caso o vencedor fosse o oponente, diga-se.

    Somados os votos dados ao derrotado com a manifestação dos que preferiram não se posicionar (já expressando aí uma posição), grosso modo tivemos um contingente de praticamente metade do eleitorado habilitado. Isso significa que o eleito já inicia sua trajetória sob intenso mau humor social. Ruim? Depende da perspectiva. Se a ideia é que governos novos precisam ter aceitação unânime para se legitimar e conseguir trabalhar, a resposta é sim, bem ruim.

    Podemos, contudo, adotar outro ponto de vista, aquele segundo o qual a existência de uma substanciosa massa crítica no país melhora a sociedade, aumenta o grau de consciência de cidadania e alimenta a noção de que governos existem para servir à coletividade, e não para servir-se dela com apropriação indevida do dinheiro de todos e da captura de consciências. Nesse caso, a existência de uma oposição social vigorosa é benéfica. Já vimos o que a subserviência a mitologias da propaganda oficial fez nos governos do PT.

    Continua após a publicidade

    Estabeleceu-se a lógica da criminalização da crítica, e, com isso, os então locatários do poder sentiram-se desobrigados de qualquer autocrítica. Quando tentaram voltar, depararam com uma força antagônica cujas fundações foram fincadas no pecado original do elogio à unanimidade. Não fosse isso, talvez as coisas tivessem tomado outro rumo em decorrência da vigilância e das exigências rigorosas da sociedade.

    Jair Bolsonaro não terá a vida boa de Luiz Inácio da Silva no tocante à aceitação impune por longo período. E querem saber, senhoras e senhores? É ótimo que assim seja.

    Publicado em VEJA de 7 de novembro de 2018, edição nº 2607

    Publicidade

    Publicidade
    Imagem do bloco

    4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

    Vejinhas Conteúdo para assinantes

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.