Pela primeira vez depois de praticamente um mês de iniciado o combate efetivo à disseminação do corona vírus no país, o presidente Jair Bolsonaro fez na noite desta quarta-feira, 8, um pronunciamento em que pareceu se render às evidências. Não defendeu o isolamento social, mas absteve-se de condenar a recomendação em vigor no Brasil e no mundo.
Pelo jeito, Bolsonaro sentiu o baque do isolamento político e social, explicitado de maneira inequívoca no apoio geral ao ministro da Saúde quando da ameaça do presidente de demiti-lo.
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Clique e AssineAgora há pouco, o presidente da República disse o que até então não havia dito: prestou solidariedade às famílias das vítimas da Covid-19, afirmou ter ouvido médicos, a Organização Mundial de Saúde e governantes de outros países, disse respeitar as decisões de governadores e prefeitos, foi discreto na defesa do uso da cloroquina e ainda fez uma referência amável, que soou a mea culpa, ao médico Roberto Kalil a quem havia ironizado mais cedo por ter usado o medicamento no tratamento da doença.
Ainda que nada indique que o presidente tenha abandonado as convicções expressas em declarações anteriores, ainda que o teor do pronunciamento tenha tido o objetivo de obter uma redução de danos, a mudança de tom é um bom sinal. Evidentemente, desde que se mantenha e Bolsonaro não se deixe levar outra vez por sua natureza de predileção pelo atrito.