Digamos que o resultado tenha sido algo próximo a um zero a zero. A manifestação de domingo (26) só não foi um completo jogo de soma nada porque rendeu inúmeras, e algumas até úteis, discussões e análises a respeito do modo Bolsonaro de governar ao longo da semana anterior.
Por exemplo, traçou uma risca de giz entre os apoiadores racionais do presidente e os adoradores da mítica do mito. Os primeiros resolveram manter distância do movimento, para eles desprovido de sentido e com potencial de risco desnecessário. Os últimos foram às ruas ainda que com a pauta radical bastante desidratada. A maioria pediu o razoável: apoio à reforma da Previdência e ao pacote de medidas anticorrupção do ministro Sergio Moro.
Não chegaram a expressar maluquice a rejeição ao Centrão e as críticas ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, pois o Congresso ainda tem léguas a percorrer antes de recuperar sua imagem junto à população. Isso independente da posição político-ideológica de cada grupo ou cidadão.
Os fanáticos fechadores de Congresso e linchadores de Supremo Tribunal Federal ficaram relegados à irrelevância como convém a minorias ínfimas. Mesmo elas deixaram de lado a tal pauta de costumes.
Quanto ao volume de manifestantes, ficamos também na soma zero: nem tantos que reforcem as posições e os métodos mais radicais nem tão poucos que pudesse ensejar a conclusão de que o governo cavara uma derrota nas ruas.
Pois aí é que está: nenhum dos lados em embate faz coisa alguma com o rescaldo das manifestações. E, se não deixam legado, é de se perguntar para quê? Até aonde a vista alcança há uma única resposta: só para engrossar a lista de inutilidades produzidas pelo governo em seus ainda incompletos seis meses de mandato. Isto sim pode vir a se configurar relevante mais adiante.