O decano do Supremo Tribunal Federal, ministro Celso de Mello, disse muito, mas não disse tudo quando falou que o “atrevimento do presidente parece não ter limite”. Como se viu pelo pedido de desculpas posterior à péssima repercussão do vídeo onde aparece como um leão perseguido por hienas, Jair Bolsonaro tem seu limite no STF em cujas mãos está o filho Flávio e uma série de decisões passadas, presentes e futuras capazes de atingir gravemente o governo.
O que não encontra paradeiro na maneira de ser do presidente da República é a inconveniência, a falta de educação, o menosprezo pelo alheio que não lhe presta reverência e a total ausência de senso sobre o significado da instituição Presidência da República.
Aguardemos o teor da “retratação” prometida. Mas, no momento em que retirou o vídeo do ar, o presidente desculpou-se apenas com o STF. Se não for além, se não estender as escusas aos outros entes comparados a hienas, significa que mantém a ofensa à OAB, à CNBB, a veículos de comunicação, à ONU, a partidos (incluindo o PSL), todos eles retratados como um dos seres de pior reputação no mundo animal.
Não convence a justificativa de Bolsonaro de que houve um “erro”, porque dita de maneira dúbia: assume a “responsabilidade”, mas dá a entender que o filme foi veiculado sem o aval dele. Ou o presidente está mentindo ou dizendo à nação que seu esquema de redes sociais é seara fora de controle. Uma legítima casa da mãe joana, para usar de expressão vulgar ao alcance do entendimento de sua excelência.