Há muito tempo, mais de dez anos, a doença degenerativa deixou a política brasileira órfã de um de seus mais discretos, atuantes e eticamente irretocáveis personagens, na figura do pernambucano Marco Maciel.
Agora, formalmente sem a presença física dele, abre-se a oportunidade de refletirmos sobre sua participação tanto no processo de transição da ditadura para o regime civil quanto na estabilidade do governo Fernando Henrique Cardoso.
No momento em que possíveis candidatos à Presidência de mobilizam pela escolha de um companheiro de chapa capaz de agregar votos e valores vale lembrar a opção de FH por um político oriundo do partido apoiador dos militares, a Arena e depois PFL.
Fernando Henrique quis agregar força à candidatura, foi por isso criticado dentro de seu partido, o PSDB, mas preferiu ouvir sua intuição: estava certo. Levou para seu lado um fiel aliado, um homem cujo passado de apoio ao regime militar não o impediu de perceber a necessidade da mudança e, para isso, a composição com os contrários.
Acerto de FH e mérito de Marco Maciel, um fiel soldado da luta pela redemocratização e que no curso do governo FH nunca abandonou essa posição.
Costumo dizer, e reafirmo, que entre os méritos do governo FH está o de ter sabido escolher o vice e a secretaria de imprensa ideais: Marco Maciel e Ana Tavares, ambos eternizados no panteão da competência para as respectivas funções.
O Brasil seria outro se o Brasil continuasse adotando os mesmos parâmetros na nomeação de auxiliares para funções de importância crucial.