Valentia de perna curta
Bastou um peteleco de Marina para Bolsonaro recorrer ao abrigo da omissão
A valentia de Jair Bolsonaro tem limite curto. Bastou levar uma invertida de Marina Silva na RedeTV! semana passada, para cancelar sua participação nos debates de candidatos à Presidência. Foi um peteleco, nada de muito grave. A oponente apenas o confrontou com as próprias palavras: cobrou a indiferença em relação à desigualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho e cobrou-lhe atitudes de incitação à violência.
Para um candidato que sustenta seu discurso na base da ousadia e da coragem, digamos que tenha produzido o mais eloquente contrassenso na expectativa do respectivo eleitorado. Correu da raia ao primeiro confronto. Justamente com uma mulher e, ademais, tida como frágil. Bolsonaro fragilizou-se duplamente ao mostrar que não é o macho-alfa que seus pretensos eleitores imaginam.
Se foge das cobranças de Marina, lícito concluir que fugiria também das agruras a serem enfrentadas na Presidência da República. Afinal, o que é a voz da fadinha diante da garganta larga e profunda do fisiologismo parlamentar? Isso para citar apenas um dos inúmeros desafios de um chefe dessa nossa disfuncional Nação.
Bolsonaro é dono do direito e ir e vir aonde quiser. Mas, ao decidir não ir aos debates perdeu a prerrogativa de dizer que é um homem de coragem.