A ditadura cubana se orgulha de ter uma baixa taxa de mortalidade infantil. Em Cuba ela é de 4 óbitos para cada 1000 nascimentos. No Brasil, são 15 em 1000.
A explicação está nas cirurgias de aborto, que na ilha é uma política de Estado. O procedimento, que já tinha sido descriminalizado em 1936, foi legalizado em 1965 após a Revolução. Com o tempo, tornou-se essencial para a estratégia da ditadura de propagandear sua medicina.
Os médicos são orientados a realizar abortos assim que surge qualquer anomalia na gravidez ou risco de malformação do feto. Se, apesar disso, a criança morrer logo depois de nascer ou a mãe não sobreviver, o diretor do hospital e os doutores são questionados pelas autoridades. Eles são investigados pelo Ministério da Saúde e podem ser condenados por má conduta.
Geralmente, é feita uma curetagem. Em outros casos, usa-se um aspirador sem anestesia ou se receita Rivanol. Nas fichas médicas, o aborto ganha outro nome: “regulação do ciclo menstrual“.
Em 1997, um estudo feito pelo doutor Oscar Elías Biscet pesquisou 1783 abortos realizados no hospital Hijas de Galicia ao longo de dez meses. Entre as mulheres que se submeteram ao procedimento:
– 78% rejeitaram a gravidez desde o começo. Em Cuba, muitos jovens são pobres e não têm condições de ter uma casa maior. Eles não têm esperança no futuro e simplesmente preferem não ter filhos.
– 22% desistiram depois, ao serem informadas de que havia risco de malformação do feto ou que a gravidez poderia ter problemas. É para essas pacientes que a política estatal pró-aborto tem maior impacto.
As estatísticas são impressionantes. Cerca de 76% das adolescentes grávidas que chegam aos hospitais alegam já ter realizado aborto alguma vez.
A consequência disso é a redução do número de nascimentos. Eram 250 000 em 1960 e passaram para 150 000 nos anos 1990.
Segundo uma notícia publicada no jornal oficial Granma em março de 2016, com dados da Universidade de Havana, a taxa de fertilidade para cada mulher cubana é menor que 1. Para que uma população permaneça estável, o ideal é 2,1 filhos por mulher.
Pelas estimativas oficiais, os abortos já impediram que 4 milhões de pessoas nascessem. Detalhe: a ilha tem uma população em torno de 11 milhões. Daqui a cinquenta anos, acredita-se que a população terá encolhido em um terço.