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Por que as cholas da Bolívia têm um chapéu-coco inglês?

Elas são consideradas como "povos indígenas originários campesinos”

Por Duda Teixeira Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 23h09 - Publicado em 4 jul 2016, 11h51

A imagem das cholas, com saia tipo pollera, poncho coloridos, ouro nos dentes, joias e um chapéu-coco são consideradas como um símbolo da Bolívia indígena autêntica.

São consideradas como aquilo que, na constituição do país, de 2009, definiu-se como povos “indígenas originários campesinos”. O país, aliás, é o único no mundo a ter um Vice-Ministério de Descolonização, com a missão de rebobinar a história dos últimos cinco séculos.

Mas a chola boliviana não é a representação dos indígenas que viviam na América antes da chegada dos europeus. Ela é o contrário disso. A chola nasceu da mistura entre os povos americanos e europeus.

“A mulher de pollera (saia) é a identidade do povo de La Paz. Herdeira da mestiçagem, voluntariosa, incisiva na sua fala cotidiana e melosa quando tem interesse em obter algo”, escreveu o historiador boliviano Antonio Paredes Candia (1924-2004) no seu livro A Chola Boliviana.

Segundo Paredes, a palavra chola vem de chulo, o ajudante que, nas touradas, distraía o animal enquanto o toureiro trocava de capa.

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O termo foi usado de forma depreciativa para denominar os índios que tinham se mudado para as cidades e adotado o estilo de vida urbano e mestiço.

A vestimenta da chola remonta ao século XVIII. Após algumas rebeliões contra o domínio espanhol, a coroa proibiu os indígenas de usar roupas que lembrassem o período inca. É a partir daí que as mulheres passam a usar saia de pollera, blusa e manta.

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Alguns dizem que o uso do chapéu-coco, que só foi inventado depois, teria sido uma evolução natural decorrente dessa obrigação.

Outros dizem que os bolivianos passaram a usá-los imitando o costume dos ingleses que trabalhavam em ferrovias e minas na Bolívia.

Depois que a moda pegou, eles passaram a ser importados dos Estados Unidos, da Itália e da Alemanha.

Na Bolívia, conta-se ainda a história de um importador que, no início do século XX, teria trazido um carregamento de chapéu-coco, todos marrons. Como os homens só gostavam de chapéus pretos, as peças acabaram indo parar na cabeça das mulheres. Esse rumor, contudo, ninguém confirma.

O chapéu-coco (em inglês, bowler hat), foi criado em Leicester, na Inglaterra, em 1849, para proteger os cavaleiros dos galhos baixos das árvores. Depois, tornou-se o uniforme de muitos homens de negócios na City, o distrito financeiro de Londres. Um dos maiores apreciadores do bowler foi o primeiro-ministro Winston Churchill. Outro era Charles Chaplin.

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