Por que os palestinos usam um lenço inglês na cabeça?
O keffiyeh foi desenhado por uma fábrica de Manchester para ser usado pela Arab Legion, criada pelos ingleses. Depois, ganhou fama com Yasser Arafat
Keffiyeh é o nome mais comum que se dá ao lenço que os árabes usam na cabeça.
Sua origem remonta aos povos nômades da Península Arábica que usavam lenços para se proteger do sol e da areia. Feitos de algodão, eles tinham cores diferentes e também serviram para identificar as tribos.
Durante a I Guerra Mundial, Inglaterra e França dividiram entre si boa parte do Oriente Médio por um acordo secreto, o Sykes-Picot, que determinou as fronteiras da região. A Inglaterra ficou com a Transjordânia, que então foi entregue ao príncipe Abdullah, da família Hachemita.
Para cuidar desta parte do mundo, os ingleses criaram um Exército. A força ficou conhecida pelo nome em inglês, Arab Legion (Legião Árabe). Em 1920, uma fábrica de Manchester, cujo dono era de origem síria, desenhou os adereços coloridos para os novos soldados. O lenço, então, entrou na linha industrial e ganhou novos padrões.
Mais tarde, o keffiyeh de Manchester passou a adornar a cabeça de membros de todas as forças inglesas na região, incluindo a polícia da Palestina, os soldados de fronteira da Transjordânia e as forças de defesa do Sudão.
Entre 1936 e 1939, antes da criação do Estado de Israel, o keffiyeh tornou-se o símbolo do movimento de resistência dos palestinos. Eles atacavam os ingleses, que governavam a região, e os grupos sionistas de judeus. Para não ser detidos pelos policiais, os jovens rebeldes escondiam o rosto usando esses panos.
Nos anos 1960, o lenço preto e branco passou a ser usado pelos grupos nacionalistas palestinos. Yasser Arafat (1929-2004), da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), foi um dos adeptos que ajudou a tornar o keffiyeh conhecido no mundo todo.
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Também na Palestina, uma versão vermelho e branco do lenço, usada na Jordânia, começou a ser utilizada por marxistas que queriam se mostrar como uma opção aos grupos nacionalistas. Como praticamente não há mais grupos de esquerda na Palestina, o adereço vermelho e branco passou a ser usado pelos islâmicos fundamentalistas do Hamas.
Atualmente, quase todos os keffiyeh são fabricados, com o desenho feito em Manchester, na China. Há apenas uma fábrica na Cisjordânia.