O jornal estatal Granma, de Cuba, é vendido nas ruas sempre com o mesmo preço. Não importa se vem com a data de hoje, de ontem ou da semana passada. Os aposentados que compram o periódico nos quiosques e os revendem em vários cantos do país cobram sempre o mesmo valor.
A razão para isso é que o Granma nunca perde a sua utilidade.
Nas lojas dos militares, que vendem produtos com o peso cubano conversível (cuc), baseado no dólar, um pacote com quatro rolos de papel higiênico custa quase 20% do salário médio de um trabalhador cubano. Assim, a maior parte da população não tem acesso a esse bem e precisa recorrer à imprensa estatal da ilha quando entra no banheiro.
A situação tem sido assim desde que a União Soviética retirou o apoio financeiro à ditadura de Fidel Castro, nos anos 1990.
Há outros jornais, que também trazem a mesma cantilena do Partido Comunista, mas o Granma é de longe o preferido. Chega a ter dezesseis páginas às sextas-feiras e suas tintas são firmes, não saem em contato com a pele. Cada folha costuma ser dividida em quatro pedaços. Em algumas casas, eles ficam em uma pequena pilha perto da privada, ao alcance da mão.
Outro jornal, o Juventud Rebelde, também tem um bom papel, mas a tinta azul se solta com facilidade.
Até mesmo na redação do Granma, os jornalistas e demais funcionários são obrigados a usar as sobras de papel da gráfica quando vão ao banheiro.