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Por Amanda Capuano Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
O que é fato e ficção em filmes e séries baseados em casos reais

‘Being the Ricardos’: A vida nada cômica da estrela de ‘I Love Lucy’

Indicado ao Oscar, filme com Nicole Kidman e Javier Bardem observa os bastidores da relação do casal que fez história na TV americana

Por Gabriela Caputo 23 fev 2022, 11h37

No ar entre 1951 e 1957, a sitcom americana I Love Lucy foi um fenômeno mundial que definiu o formato das comédias televisivas dali em diante. A trama sobre o cotidiano de um casal adorável e deveras atrapalhado era protagonizada por Lucille Ball e Desi Arnaz, intérpretes de Lucy e Ricky Ricardo — romance que ocorria dentro e fora das telas. Se na ficção o casal beirava a perfeição, na realidade, a união era bem mais conturbada. A relação é explorada no filme Being the Ricardos, dirigido por Aaron Sorkin, longa que conquistou três indicações ao Oscar 2022 — todas em categorias de atuação, de melhor atriz para Nicole Kidman (que interpreta Lucille), melhor ator para Javier Bardem (que vive Desi) e ator coadjuvante para J.K. Simmons, que no filme interpreta William Frawley, outro nome da vida real que estava no elenco da sitcom. Confira a seguir o que é fato e o que é ficção no filme disponível no Prime Video, da Amazon.

Lucille Ball acusada de comunismo

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Nicole Kidman em ‘Being the Ricardos’ (Divulgação/VEJA)

O principal fio narrativo apresentado no filme é o suposto envolvimento de Lucille Ball com o comunismo. Divulgado pela imprensa, um rumor mal contado assombra tanto o casal, quanto os executivos por trás de I Love Lucy, já que uma denúncia como essa na época poderia significar o fim da sitcom e da carreira dos dois. A crise foi real: de fato, a atriz havia se registrado para votar como comunista em 1936, realizando um pedido de seu avô, que era socialista. No entanto, na época do vazamento pela imprensa, Lucy já havia sido interrogada e inocentada pelo Comitê de Atividades Antiamericanas, quando testemunhou sobre a homenagem ao avô, revelando que ela nunca teve reais intenções comunistas. É sobre esse fato que Desi Arnaz se apoia quando, na noite de gravação do programa — momento que marca o ápice da narrativa —, conta a verdade para a plateia e para a imprensa convidada, segurando em mãos o tabloide que publicou a manchete “Lucille Ball é vermelha” em letras vermelhas gigantes. Ainda no filme, Desi chega a ligar ao vivo para o então diretor do FBI, J. Edgar Hoover, que confirma para a audiência a inocência de Lucy — quanto a esse detalhe, no entanto, não há registros de ter realmente acontecido. 

A linha do tempo de Being the Ricardos

Being the Ricardos
Nicole Kidman, J.K. Simmons e Javier Bardem em Being the Ricardos (Divulgação/VEJA)

Para servir aos efeitos dramáticos, a principal liberdade criativa tomada pelo roteiro de Sorkin foi retratar no período de apenas uma semana um conjunto de crises que aconteceram, na realidade, em um período de quatro anos. O anúncio da gravidez de Lucille Ball aconteceu em 1952 — o segundo filho do casal, Desi Arnaz Jr., nasceu em 19 de janeiro de 1953 —, enquanto o escândalo relacionado ao suposto comunismo de Lucy remonta a 1953. Já a publicação de um tabloide que detalhava uma traição de Desi Arnaz aconteceu somente em 1955. Outro detalhe curioso é que, no longa, os personagens se preparam para o episódio Fred and Ethel Fight, da primeira temporada do show. Mas, na verdade, o episódio em que trabalhavam na semana em que os rumores comunistas explodiram era The Girls Go Into Business, da terceira temporada.

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A história de Desi Arnaz

Javier Bardem em Being the Ricardos
Javier Bardem em Being the Ricardos (Divulgação/VEJA)

No filme, é contado que a família de Desi Arnaz, nativa de Cuba, foi perseguida por soldados Bolcheviques. De fato, o pai de Desi foi o mais jovem prefeito da cidade de Santiago, até a Revolução Cubana de 1933 e, na época, a família teve seus bens confiscados, sua casa vandalizada, e os animais da propriedade mortos. Seu pai também foi preso. Porém, os revolucionários responsáveis pelo ataque eram um grupo de progressistas composto por estudantes universitários e sindicalistas, e não Bolcheviques. Outro momento da história de Desi mencionado no filme é que ele teria servido no exército americano durante a Segunda Guerra Mundial. Isso é verdade, mas nem todos os detalhes são contados. O ator, originalmente, queria entrar para a Força Aérea, mas acidentou o joelho durante um treinamento e acabou sendo colocado em serviço de entretenimento para soldados hospitalizados na Califórnia.

A relação intensa – e conturbada – de Lucy e Desi

Nicole Kidman e Javier Bardem em Being the Ricardos
Nicole Kidman e Javier Bardem em Being the Ricardos (Divulgação/VEJA)
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O relacionamento de Lucy e Desi foi retratado de maneira bastante fiel em Being the Ricardos. Os dois realmente se conheceram no set de filmagens do filme Too Many Girls, uma adaptação do musical da Broadway. Foi amor à primeira vista, dando início a uma paixão arrasadora e tumultuada — e um casamento que durou 20 anos. A relação foi marcada por uma série de traições por parte de Desi, o que, no filme, é representado pelo escândalo publicado pela revista Confidential sob a manchete “Desi realmente ama Lucy?”, que revela uma noite de aventuras do ator com garotas de programa. Outro elemento verídico do longa é que foi Lucy quem conseguiu o papel de Desi em I Love Lucy. Quando a CBS ofereceu a possibilidade de transformar o então programa de rádio chamado My Favorite Husband em série, a atriz exigiu que Desi fizesse o papel de seu marido. Ela conseguiu convencer os produtores relutantes de que seria atrativo para os espectadores ver um casal da vida real em cena, além de que os choques culturais entre os dois renderia boas piadas. Assim como confessa em um momento do filme, Lucy fez isso em parte porque almejava manter o marido por perto e, assim, controlar sua infidelidade.

Gravidez na televisão

Nicole Kidman em Being the Ricardos
Nicole Kidman em Being the Ricardos (Divulgação/VEJA)

O filme mostra que, quando o casal anuncia a espera do segundo filho e sugere aos produtores que a gravidez entrasse para o roteiro da série, o conservadorismo da época deixa a CBS e o patrocinador Philip Morris relutantes. Os códigos morais dos anos 1950 proibiam a veiculação de conteúdos sexualmente sugestivos, como o próprio ato de procriação simbolizado pela gravidez. O longa mostra que Desi recorreu aos executivos de alto escalão da emissora e conseguiu convencê-los, sob a condição de que a palavra “gravidez” não fosse usada pelos personagens, mas substituída por eufemismos. Por outro lado, na autobiografia de Lucille Ball, a atriz aponta que a inserção da gravidez na série foi uma sugestão do showrunner Jess Oppenheimer — personagem que, no filme, acha a ideia um absurdo e duvida que Desi conseguisse convencer a emissora. Apesar da incerteza da equipe, a narrativa foi muito bem recebida pelo público, sendo o episódio do nascimento do bebê um sucesso de audiência.

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