Monet no Masp: 3 pontos polêmicos na relação do gênio com a natureza
A exposição 'A Ecologia de Monet', com 32 pinturas, entrou em cartaz no museu paulistano nesta sexta-feira 16
Habemus ninfeias entre nós: entrou em cartaz nesta sexta-feira no Museu de Arte de São Paulo, o Masp, a mais significativa exposição do mestre impressionista francês Claude Monet (1840-1926) já realizada até hoje no Brasil. Contando com 32 pinturas, grande parte delas em exibição pela primeira vez no Hemisfério Sul, A Ecologia de Monet já deu indícios de que tem tudo para ser a mostra arrasa-quarteirão do ano: conforme imagens registradas por VEJA, a pré-abertura do evento teve direito a longas filas noite adentro na capital paulista.
A retrospectiva tem um enfoque emblemático: examinar a relação de amor do pintor com a natureza. Dividida em blocos temáticos que ocupam todo o primeiro andar do edifício Lina Bo Bardi, ela passeia pelo amor do artista por seu célebre jardim em Giverny, no interior da França, exibe lado a lado três magníficos quadros das ninfeias que consagraram Monet, e vai muito além: inúmeras obras testemunham seu espírito de “caçador” de paisagens naturais e seu pioneirismo em registrar os efeitos do progresso humano — como a poluição da era da Revolução Industrial em Londres, no século XIX. Ainda assim, curiosamente, a mostra assinala como Monet foi homem de um tempo em que a noção de ecologia apenas engatinhava — e, portanto, desconhecia preocupações modernas como a luta pela preservação ambiental. Algumas de suas atitudes ao lidar com o verde, aliás, hoje certamente provocariam críticas e condenação por parte dos ambientalistas. Confira 3 pontos polêmicos na relação de Monet com a natureza:
O ímpeto de mudar o meio-ambiente
No afã de criar seu belíssimo jardim em Giverny, Monet não hesitou em exercer o hoje condenável papel de um humano que se acha senhor da natureza. Exemplo clássico disso é que o artista se valeu de seu prestígio (e contatos poderosos) para conseguir desviar um braço do Epte, rio que corta a região de Giverny, de modo que suas águas passassem a banhar sua propriedade. Ainda não havia ativistas ecológicos àquela altura do século XIX, mas a coisa toda foi tão bizarra que a comunidade na vizinhança ficou indignada e protestou contra sua interferência.
O desejo de impor ordem e disciplina ao mundo natural
Os jardins de Monet em Giverny são belíssimos e até hoje, merecidamente, atraem milhares de turistas ao local. Mas, aos olhos ecologicamente corretos dos dias atuais, eles são um péssimo exemplo de paisagismo. Enquanto os projetos mais arrojados e enaltecidos hoje buscam dialogar com o ambiente natural e a flora nativa em torno de si, harmonizando-se com a paisagem, o espaço de Monet em Giverny era em tudo artificial, da ponte japonesa que agora seria sinônimo de paisagismo kitsch ao traçado que evoca um exotismo anti-natural.
O pecado maior: plantas importadas
Nesse contexto já inteiramente complicado do ponto de vista da ética ambiental, Monet introduziu um expediente que no mundo contemporâneo causa horror nos ativistas: com o objetivo de ter flores de cores variadas no jardim o ano todo, para poder retratá-las em suas pinturas, o mestre impressionista não titubeou em botar para escanteio as plantas nativas de sua região, em prol de espécies importadas de outros países, inclusive da China e do Japão. Mesmo suas famosas ninfeias, além de exóticas, são variedades coloridas criadas artificialmente e que chamaram sua atenção da Exposição Universal de Paris em 1889.
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