Premiado como o Melhor Roteiro no Festival de Veneza, o brasileiro Ainda Estou Aqui começa a trilhar uma jornada que pode levá-lo à lista de indicações ao Oscar, caminho paralelo ao trilhado por Central do Brasil entre 1998 e 1999. Antes de chegar lá, o filme já se assemelha ao maior sucesso do diretor Walter Salles em alguns componentes e, entre eles, o prestígio mensurado por agregadores da crítica americana. Enquanto o filme demonstra 92% de aprovação no site Rotten Tomatoes — 2% a menos que seu predecessor —, ele já é celebrado com a nota 80 de 100 no Metacritic, que calcula uma média a partir das notas atribuídas pelos principais veículos anglófonos. Derivada de nove críticas, a marca iguala o valor atribuído a Central do Brasil, avaliado por 24 críticos associados à plataforma.
História que se repete
A aprovação crítica, contudo, não é o único laço entre os filmes. Ambos dirigidos por Salles, os longas têm como protagonistas atrizes pertencentes ao mesmo clã familiar. Em 1999, Fernanda Montenegro foi a primeira brasileira a concorrer ao Oscar de melhor atriz. Ao mesmo tempo, o longa disputava a categoria de Melhor Filme Estrangeiro. Nenhuma das indicações foi convertida em vitória, mágoa sentida por milhares de brasileiros que agora esperam uma espécie de reparação histórica.
Com a filha Fernanda Torres no papel principal, Ainda Estou Aqui tem sido elogiado especialmente pela atuação central. Segundo o veículo Deadline, ela é “um pilar cultural do Brasil” e seu desempenho “deve a catapultar para a corrida do Oscar 25 anos após a indicação de sua mãe”. Já para Clayton Davis, editor da conceituada Variety, “será uma tragédia se Fernanda Torres ficar de fora das premiações”. A última atriz não americana a ser indicada e vencer um Oscar foi a coreana Youn Yuh-jung, de Minari (2020), como coadjuvante.
Além dos trabalhos cênicos elogiados, ambos os filmes ganharam força com o apoio de festivais internacionais de cinema. Enquanto Central do Brasil passou por Sundance e o Festival de Berlim, Ainda Estou Aqui já conquistou Veneza e Toronto.
A trama de Ainda Estou Aqui
Inspirado na história real de Rubens Paiva (Selton Mello), o filme acompanha sua família a partir do começo dos anos 1970, quando a ditadura militar no Brasil vivia seus anos de chumbo. Político opositor do regime, ele chegou a se exilar na Iugoslávia na década anterior, mas retornou ao Brasil para viver ao lado da esposa e dos cinco filhos. Foi capturado por militares em janeiro de 1971, torturado e morto. Só 40 anos depois, com a Comissão de Verdade, teve sua morte oficialmente investigada e confirmada. Neste meio-tempo, sua esposa, Eunice (Fernanda Torres), travou a própria busca pela verdade, equilibrando os papéis de ativista, advogada e mãe solo. Em 2015, um dos filhos do casal, Marcelo Rubens Paiva, publicou o livro de mesmo nome que é base do filme.
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