O ator francês Gérard Depardieu está sendo investigado por má conduta sexual contra treze mulheres. A apuração vem do veículo independente Mediapart, que entrevistou atrizes, maquiadoras e profissionais de produção — algumas anônimas, outras não — envolvidas nos bastidores de onze filmes realizados de 2004 a 2022. O caso surge dois anos após o indiciamento do ator por estupro e assédio sexual de uma vítima de 22 anos.
Segundo o Mediapart, uma das atrizes entrevistadas depôs à Justiça Francesa, mas nenhuma das treze denunciantes deu entrada em ação legal na procuradoria de Paris. Os representantes do ator afirmaram que ele “nega formalmente todas as acusações sujeitas à lei criminal” e “não tem intenção de comentar o artigo”, que “mistura diversos tópicos, inclusive apreciações subjetivas e julgamentos morais”.
Segundo uma ex-figurante, Depardieu teria inserido a mão dentro de seu vestido e tentado tirar sua calcinha durante as filmagens de The Box, em 2015 (a produção nunca seria lançada). Após ser empurrado, ele teria se tornado “agressivo” e continuado a tentativa de inserir seu dedo nas partes íntimas da atriz. Em corroboração à história, um funcionário da produção afirmou à investigação que as gravações foram interrompidas por causa da denúncia, enquanto outro ator relatou ter ouvido o francês vociferar que “poderia ter quem quisesse e que não a queria, uma ‘porca gorda’”.
Já no set de Nos Embalos da Disco, de 2008, a atriz Helène Darras teria sido agarrada pela cintura e apalpada por Depardieu, que “colocou a mão em seu traseiro de maneira insistente” e supostamente sugeriu que ambos fossem a seu camarim, depoimento que o diretor Fabien Onteniente valida. Além dele, a publicação conversou com mais seis antigos colegas do ator — cineastas e produtores —, que negaram observar qualquer incidente.
Depardieu é polêmico não só por seu histórico de abuso, mas também pela proximidade com Vladimir Putin, de quem recebeu cidadania russa em 2013 a fim de fugir dos impostos franceses. O ator declara seu amor pelo presidente sem receio e já afirmou que vê a Rússia como “uma grande democracia”. Na televisão francesa, chegou a pedir que o Ocidente “deixasse Vladimir em paz”.