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A revelação chocante sobre um cineasta lendário: ‘Chorou por Hitler’

Em entrevista recente, o ator Stellan Skarsgard reavivou uma polêmica do passado de um dos diretores mais influentes da história

Por Marcelo Marthe Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 15 jul 2025, 09h55 - Publicado em 15 jul 2025, 09h51

Na semana passada, durante um festival de filmes para lá de low profile no interior da República Checa, o veterano ator sueco Stellan Skarsgard fez uma declaração em entrevista à Variety que ressuscitou uma controvérsia antiga (e incômoda) no mundo do cinema. Não, não se trata de nenhuma inconfidência picante sobre seu famigerado clã — Stellan é pai de uma leva de atores de sucesso em Hollywood, como Alexander e Bill Skarsgard. O alvo do astro de Duna foi nada menos do que um verdadeiro totem do cinema: o cineasta sueco Ingmar Bergman (1918-2007).

Skarsgard conheceu bem seu conterrâneo e diretor de clássicos absolutos do cinema, como O Sétimo Selo (1957) e Gritos e Sussurros (1972). Nos anos 1980, quando era um ator despontando para a fama, ele atuou em dois trabalhos tardios de Bergman, um telefilme pouco conhecido chamado A Escola de Viúvas (1983), baseado no clássico de Molière, e uma peça teatral. As experiências foram traumáticas, segundo o ator.  “Meu relacionamento complicado com Bergman tem a ver com ele não ter sido um cara muito legal”, disse à Variety. De acordo com Skarsgard, Bergman era manipulativo e tinha zero apreço pelas pessoas com quem convivia nos sets de filmagem.

Qual a relação de Bergman com o nazismo?

Mas as declarações que causaram desconforto diziam respeito ao passado político suspeito de Bergman. Ele era um rematado “nazi”, disse Skarsgard, ressuscitando um antigo esqueleto no armário de um dos cineastas mais influentes e amados pela crítica, especialmente pelo teor altamente humanista e filosófico de seus filmes . Não que isso fosse um segredo para os cinéfilos: na maturidade, o próprio Bergman admitiu abertamente que na juventude teve admiração pelas ideias de Adolf Hitler. Sua simpatia pelo nazismo nasceu de uma viagem de intercâmbio à Alemanha, em 1936, quando viu de perto as demonstrações públicas impressionantes dos seguidores do führer. “Hitler era incrivelmente carismático. Ele eletrizava a multidão”, declarou Bergman na velhice — ressaltando que mudou por completo de opinião ao saber dos horrores do Holocausto. “Quando a verdade veio à tona, foi um choque terrível para mim. De uma forma brutal e violenta, minha inocência foi subitamente arrancada”, disse Bergman.

Esse mea culpa foi suficiente para que os cultuadores de Bergman passassem pano, providencialmente, para sua mácula do passado. Agora,  Stellan Skarsgard veio a público trazer novas camadas problemáticas à discussão sobre o pendor nazista do diretor de Morangos Silvestres. Segundo ele, a paixão de Bergman pelo ditador nazista era tão grande que ele teve uma reação sugestiva ao saber de sua queda. “Foi a única pessoa que conheço que chorou quando Hitler morreu”, revelou na entrevista.

Morto em 2007, aos 89 anos, Bergman ainda tem seu legado assombrado por suas tóxicas convicções políticas. Mas, para o mesmo Skarsgard, é perfeitamente possível separar o homem de caráter complicado e fã do nazismo de uma obra que ainda se impõe como uma das mais belas e poderosas da história do cinema: “Ele era um bom diretor, mas ainda assim é possível denunciar alguém como babaca. Caravaggio provavelmente também era babaca, mas fez pinturas incríveis”. Essa é uma verdade dura — mas real — sobre grandes artistas e seres humanos.

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