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Além de ‘Ainda Estou Aqui’: o brasileiro por trás de outro filme do Oscar

Indicado na categoria de curta de ficção, produção sobre a crise migratória nos Estados Unidos conta com profissional nascido em São Paulo

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 11 fev 2025, 18h18

Um casal formado por uma esposa americana e um marido imigrante seguem para a entrevista do green card – eles moram nos Estados Unidos, estão juntos há sete anos e têm uma filha. O que deveria ser apenas um dia exaustivo de burocracias se torna uma caçada injusta contra a família e diversos outros cidadãos em processo de regularizar sua situação no país. A trama do filme A Lien encontra eco na atual crise migratória nos Estados Unidos, sendo assim um título de apelo entre os indicados ao Oscar de melhor curta de ficção. Dirigido por Sam e David Cutler-Kreutz, o filme dá uma piscadela para os brasileiros: o diretor de fotografia é Andrea Gavazzi, 34 anos, nascido em São Paulo e um nome para ficar de olho na indústria cinematográfica. 

Filho de imigrantes italianos, Gavazzi teve uma infância e adolescência incomum. “Meus pais se separaram quando eu tinha 7 anos e minha mãe queria que estudássemos na Itália, mas mantendo uma conexão com o Brasil. Então, até os 18, fiz muitos vai-e-vem entre Roma e o interior de São Paulo”, conta ele a VEJA sobre a fazenda onde o pai vivia, próximo a Campos Novos Paulista. “Essa dicotomia foi, sem dúvida, uma grande fonte de inspiração”, analisa sobre a convivência com uma cidade vibrante e agitada, berço da arte Ocidental, e a vida tranquila e isolada de uma fazenda brasileira.

Gavazzi se formou em economia antes de enveredar para o audiovisual, trabalhando no Brasil como assistente de produção de curtas. “Foi nessa época que percebi que o que eu realmente queria fazer era direção de fotografia. Descobri que tudo o que eu amava e pensava ser parte do trabalho de diretor, na verdade, estava relacionado ao trabalho do fotógrafo.” Aos 23 anos, ele se mudou para Nova York e começou a estudar o ofício de forma independente, além de ganhar experiência trabalhando de graça em projetos de estudantes universitários. Atualmente, Gavazzi mora em Los Angeles. Confira a seguir entrevista com o diretor.

A Lien fala sobre a crise migratória, que ganhou novos contornos com as políticas de Donald Trump. Como analisa a trama do filme com o modo como esse governo lida com os imigrantes? Infelizmente, a temática é muito atual, dada a situação política do país, e acredito que o filme tem uma grande força emotiva. Se você não tem consciência desses problemas ou evita pensar sobre eles, acho que, após assistir ao nosso filme, vai sentir como se tivesse vivido tudo isso. Essa era a nossa intenção, especialmente aqui, onde as pessoas vivem em uma realidade bem dividida. 

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Pode explicar o título, por favor? A Lien como título engloba o coração do filme de muitas maneiras. Quando pensamos no termo “liens“, que é o direito de possuir a propriedade de outra pessoa até que uma dívida seja quitada, o filme aborda processos burocráticos, dívidas que são cobradas e pagas, e como humanos no processo de imigração são vistos como números, basicamente como uma propriedade. Além disso, o fato de A Lien ser um trocadilho com a palavra alien (estrangeiro) ele também remete à separação, ao sentimento de ser “alienígena” em casa e à forma como falamos sobre imigrantes neste país. Juntos, sentimos que A Lien capturou a essência do que o filme representa. Para mim, esse é um tema muito pessoal. Fui imigrante a vida inteira em vários países e conheço muito bem a sensação de não saber onde você pertence. 

O diretor de fotografia ítalo-brasileiro Andrea Gavazzi -
O diretor de fotografia ítalo-brasileiro Andrea Gavazzi – (//Divulgação)

Este é um ano promissor para o Brasil no Oscar. Você viu Ainda Estou Aqui? Sim, assisti Ainda Estou Aqui e adorei, chorei muito também. A Fernanda [Torres] fez um trabalho incrível, trazendo uma humanidade tão real à personagem, com muita humildade e poder. Ela nunca pede piedade, só Justiça, e isso faz toda a diferença. É exatamente esse tipo de luta silenciosa e persistente que o filme retrata com tanta sensibilidade, fazendo com que a gente realmente sinta a dor da protagonista.

Como avalia esse momento do cinema nacional no mercado internacional? Acho que, como todas as artes, o cinema tem ciclos e épocas, e talvez o Brasil tenha aberto uma nova fase com esse filme. Espero que seja o início de algo histórico para o cinema nacional. Precisa-se investir e acreditar nos criativos que temos, e também acho que seria importante investir mais com um incentivo fiscal nacional, para atrair mais produções internacionais.

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