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Do cinema ao streaming, um blog com estreias, notícias e dicas de filmes que valem o ingresso – e alertas sobre os que não valem nem uma pipoca

Bella Campos: a outra face da vilã Maria de Fátima de Vale Tudo

Intérprete da megera golpista na novela, atriz se aventura no cinema, enfrenta as críticas sem medo — e não planeja desacelerar

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 29 ago 2025, 14h57 - Publicado em 29 ago 2025, 06h00

Para fugir da miséria — e da ob­ses­são de um traficante —, a enfermeira Marlene, vivida por Bella Campos no filme Cinco Tipos de Medo (Brasil, 2025), precisa encontrar um jeito de deixar a comunidade onde mora em Cuiabá. Em uma cena emotiva, ela se despede da avó que a criou. “Eu também cresci com minha avó e tive de me despedir dela para ganhar o mundo”, contou a cuiabana Bella a VEJA no Festival de Gramado (leia a entrevista abaixo). No evento, o longa mato-grossense dirigido por Bruno Bini saiu com o prêmio de melhor filme. A realidade dura da atriz e de sua personagem encontra paralelo na história de outra jovem humilde interpretada por Bella — essa, porém, desprovida de honestidade. Usando a ambição como desculpa para a trapaça, a golpista Maria de Fátima, de Vale Tudo, vendeu a casa com a mãe dentro e foi de mala e cuia para o Rio de Janeiro em busca da riqueza.

O COMEÇO - Como Muda, em Pantanal: um primeiro papel de poucas palavras
O COMEÇO - Como Muda, em Pantanal: um primeiro papel de poucas palavras (João Miguel Júnior/TV Globo)

Personagem clássica da teledramaturgia brasileira, a vilã — defendida por Gloria Pires na versão original do folhetim, em 1988 — foi cobiçada por diversas jovens atrizes que disputaram o papel em uma série de testes na Globo no ano passado. Bella superou a concorrência — e, desde então, lida com as agruras e as delícias do escrutínio que segue o horário nobre da TV. Ao contrário de Maria de Fátima, a atriz de 27 anos nunca torceu o nariz para a Carteira de Trabalho — nem ignora a busca necessária pelo aperfeiçoamento. Severamente criticada antes mesmo de a novela entrar no ar, ela cresceu em cena, superou tropeços e conquistou o público: pesquisa interna da Globo atestou que a atriz é admirada pelos espectadores. Outro termômetro positivo é o alto engajamento das publicações envolvendo Bella nas redes sociais. Não à toa, a emissora negocia um contrato fixo e exclusivo com ela.

A fama galopante ofusca o fato de que a atriz tem só três anos de carreira na TV, meio pouco gentil com pessoas como ela — afinal, são raros os casos de protagonistas negras e de fora do eixo Rio-São Paulo. Em pouco tempo, Bella somou personagens diversas: antes de Fátima e Marlene, ela deu vida à arredia e vingativa Muda no remake de Pantanal (2022), papel com poucos diálogos e muita atuação física, e à estudante evangélica Jenifer, de Vai na Fé (2023), uma garota descobrindo quem ela é no início da juventude.

REMAKE - Com Taís Araujo em Vale Tudo: vilã amada e odiada nas redes
REMAKE - Com Taís Araujo em Vale Tudo: vilã amada e odiada nas redes (//TV Globo)
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A precocidade é característica de Bella. Registrada com o longo nome Isabella Karolina de Campos Siqueira Carmo, a jovem se despediu da avó aos 15 anos, deixando Cuiabá com a mãe e a irmã caçula rumo a Florianópolis. Lá, fazia bicos para ajudar nas contas da casa. Conseguiu emprego como balconista de uma cafeteria, ganhando 600 reais por mês. Incentivada por um colega, entrou para uma agência de modelos. Na primeira campanha, ganhou em um dia o salário de um mês. O desejo de estudar psicologia foi então substituído pela carreira artística, a qual não foi tão fácil como pareceu inicialmente. Ela se mudou sozinha para São Paulo, onde fez curso técnico de atuação e chegou a ser escalada para projetos que não foram ao ar. Quando a carreira deslanchou, após emplacar duas novelas na Globo, em 2023, sentiu o peso da ausência familiar e da correria da independência. Diagnosticada com depressão, repensou sua rotina e levou a mãe e a irmã para morar com ela no Rio.

Foi naquela época que entrou para o elenco de Cinco Tipos de Medo, sua estreia no cinema. Trabalhar em Cuiabá, se reconectando com as raízes, renovou as forças de Bella. “Ela enxerga a arte de maneira compromissada, sabe o impacto que pode ter no mundo”, diz o diretor Bruno Bini. Logo após iniciar o filme, conquistou o papel de Maria de Fátima. Na reta final de Vale Tudo, ela se despede da vilã com sensação de dever cumprido. Neste ano, continua divulgando Cinco Tipos de Medo em festivais — o filme entra em cartaz em 2026 — e lança mais um longa, o drama médico Por um Fio, baseado no livro de Drauzio Varella. Em paralelo, sonha com uma carreira internacional e, quem sabe, até se aventurar atrás das câmeras. São várias as faces dessa (quase) ex-vilã.

“Todo dia enfrento desafios”

A atriz Bella Campos falou a VEJA sobre a carreira e como encara as críticas.

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PREMIADO - Em Cinco Tipos de Medo: estreia de Bella no cinema
PREMIADO – Em Cinco Tipos de Medo: estreia de Bella no cinema (Downtown Filmes//)

Sua trajetória recente já conta com personagens diversas. O que move suas escolhas? Quando conheci minha empresária, a Carol Condé, ela me perguntou: “Que tipo de artista você quer ser?”. Refleti sobre isso e decidi que quero empoderar mulheres que se identificam comigo.

Em que sentido? Eu vivi desde uma estudante de direito evangélica até essa patricinha inconsequente que é a Maria de Fátima. Quero passar a mensagem de que nós, mulheres pretas, podemos ocupar diversos papéis. Se for preciso provar uma, duas, três, vinte vezes que somos capazes, vamos continuar provando.

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Como mantém a sanidade em meio às críticas? Meu grande amigo BK’ (rap­per carioca) diz numa canção: “Apegado nem à derrota nem à vitória / Tudo faz parte da história”. Então sigo essa lógica. Me importo, sim, com a opinião do público e analiso o que é coerente e válido.

Cinco Tipos de Medo marca sua estreia no cinema. Como se envolveu nesse projeto? Eu fiz Pantanal e Vai na Fé, e estava com vontade de fazer cinema, de experimentar outra linguagem. Também queria ficar um tempo na minha cidade, estava com saudade. Quando li o roteiro e reconheci as locações, o linguajar, as gírias, não tive dúvidas de que queria o trabalho. Falta visibilidade ao cinema de Mato Grosso. Também me identifiquei com a personagem.

Em quais pontos? Para começar, eu também cresci com minha avó e tive de me despedir dela para ganhar o mundo. Todo dia eu enfrento desafios, na vida profissional e pessoal, assim como a Marlene encara medos na busca daquilo que ela quer.

Publicado em VEJA de 29 de agosto de 2025, edição nº 2959

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