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‘Central do Brasil’, 25 anos: Como o filme tocou o mundo e chegou ao Oscar

Produção com Fernanda Montenegro caiu nas graças da crítica gringa em 1998, arrebanhando prêmios e elogios

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 3 abr 2023, 10h02
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  • Um trem para na estação Central do Brasil, no Rio de Janeiro, e antes mesmo de abrir suas portas já é tomado por um mar de pessoas que entram com uma habilidade impressionante pelas janelas. Quando a idosa Dora (Fernanda Montenegro) e outros que usam as portas entram no transporte público, eles já devem se contentar com o espaço em pé e apertado entre os corpos que se acotovelam. Esse detalhe do filme Central do Brasil chamou a atenção do famoso crítico de cinema Roger Ebert, que em 1998, não economizou elogios ao longa de Walter Salles — o filme saiu vencedor do Festival de Berlim, do Bafta e do Globo de Ouro e conquistou duas indicações ao Oscar: de melhor filme internacional e a histórica nomeação de Fernanda ao troféu de melhor atriz (o qual foi para as mãos de Gwyneth Paltrow, pelo superestimado Shakespeare Apaixonado). Ebert, aliás, destaca que a maior qualidade de Central do Brasil reside na atriz protagonista. “Fernanda é uma atriz que resiste a qualquer tentação de cair no sentimentalismo”, disse o crítico.

    Dora é uma professora aposentada que escreve cartas para analfabetos para complementar sua renda. Ela passa o dia em uma mesinha na Central do Brasil, ouvindo histórias diversas, até se deparar com Josué (Vinicius de Oliveira) e sua mãe – que morre em num acidente saindo da estação de trem. Dora e Josué são duas personalidades difíceis e duras, mas ambos vão se conectar na longa viagem de ônibus e caminhão que empreendem entre Rio de Janeiro e Pernambuco na busca pelo pai do garoto. Antes de estrear no Brasil no dia 3 de abril de 1998, o filme foi exibido em festivais da Europa e Estados Unidos, arrebanhando elogios que serviram de porta de entrada para as premiações mundiais.

    A história de contornos tão locais conquistou a crítica gringa pela boa condução de Salles. O jornal The Washington Post ressaltou o trabalho do diretor e seu passado de documentarista. “Walter Salles claramente acredita em histórias honestas. Ele não brinca com as emoções alheias: ele as evoca com o poder de seu trabalho.”

    A parceria de Salles com Fernanda foi também o destaque da crítica do renomado jornal The New York Times. “Uma narrativa belíssima e interpretada com bravura pela atriz brasileira Fernanda Montenegro, o filme observa de forma graciosa este estranho par de personagens desenvolvendo um laço tênue que vai tocar a ambos profundamente. A experiência de Salles como documentarista ainda adiciona a esse adorável filme um forte senso sobre os dilemas sociais brasileiros enquanto viaja pelas paisagens de sua área rural mais humilde.”

    A revista especializada Variety vai mais longe na análise, e crava a analogia de que a jornada de Dora e Josué serve como um espelho de um país em transição entre o velho e as novas possibilidades. Uma junção que os brasileiros ainda estão experimentando, 25 anos depois de Central do Brasil comover o mundo.

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