Como é assistir ao Oscar de dentro da sala de imprensa do prêmio
Jornalistas também torcem e vibram com a vitória de seus preferidos; confira relato da correspondente de VEJA na premiação

Se o clima de Copa do Mundo tomou conta do Brasil por causa de Ainda Estou Aqui, não foi muito diferente na sala de imprensa do Oscar. Lá também teve torcida, vibração e emoção quando Penélope Cruz anunciou o Oscar de filme internacional para o longa de Walter Salles. Nessas horas, jornalista que ama cinema também vira torcedor e grita como se a Seleção tivesse feito gol.
Além da reportagem de VEJA, havia outros jornalistas brasileiros na sala, que abriga cerca de 600 pessoas. Teve aplauso, grito, “toca aqui”, abraços e pulinhos. Mas não só os brasileiros ficaram extasiados. Muitos repórteres latino-americanos e de outros países comemoraram a vitória de Ainda Estou Aqui, incluindo duas repórteres da Letônia, que concorria na mesma categoria com Flow. No começo da noite, elas tinham ficado emocionadas, tremendo e chorando com o Oscar de animação para o longa de Gints Zilbalodis – foi a primeira vez que uma produção do país foi indicada. Agora era a hora dos brasileiros.
A noite começou em clima de festa, com muitos aplausos para a belíssima apresentação de Ariana Grande e Cynthia Erivo com um medley do universo O Mágico de Oz, de Over the Rainbow, Wiz e Defying Gravity. Os jornalistas acomodados em lugares marcados em mesas perpendiculares ao palco onde os vencedores dão entrevistas já tinham sido alimentados com sanduíches, massa, empanadas de carne, rolinho primavera e camarões gigantes.
Lá dentro, não é permitido fotografar. Ao longo da noite, os vencedores vão passando pelo palco para dar entrevistas breves, em geral três a quatro perguntas. Mas a verdade é que o primeiro entrevistado da noite, Kieran Culkin, demorou um bocado para chegar até ali e fazer piada com os números altos nas plaquinhas que os jornalistas levantam para se candidatar a fazer perguntas. Cada repórter tem seu próprio número, e um moderador escolhe quem vai questionar o oscarizado.
Há chance de um entrevistado estar no palco quando algum prêmio é anunciado. Foi por isso que não deu para assistir ao interminável discurso de agradecimento de Adrien Brody, por exemplo, pois Walter Salles falava com a imprensa naquele momento. O diretor brasileiro chegou a se distrair, porque muitos jornalistas precisam continuar acompanhando a cerimônia e reagem ao que está acontecendo no palco do Dolby Theatre.
Mas a vinda dos premiados nem sempre é imediata. Zoe Saldaña, apesar de ser a nona premiada, só apareceu no final da cerimônia, porque também ia apresentar uma categoria — ela não perdeu a chance de defender, mais uma vez, o filme Emilia Pérez. No caso de Sean Baker, que concorria a quatro Oscars com Anora – e se tornou a primeira pessoa a levar quatro estatuetas pelo mesmo filme em uma única noite –, não dá para correr o risco de ele não estar sentado em seu lugar quando um prêmio é anunciado. Ele também só apareceu depois do encerramento, junto com os produtores de Anora.
Acompanhar o Oscar da sala de imprensa tem uma vibração diferente, de presenciar a história sendo feita. Mas, ao mesmo tempo, será preciso assistir tudo de novo para saber o que rolou enquanto o repórter estava concentrado nas entrevistas — e na agitação dos teclados do computador, sempre em busca de não perder nada do que foi dito.