Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Em Cartaz

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Do cinema ao streaming, um blog com estreias, notícias e dicas de filmes que valem o ingresso – e alertas sobre os que não valem nem uma pipoca
Continua após publicidade

De O Bebê de Rosemary a Imaculada, o cinema reage às proibições do aborto

Uma nova e polêmica leva de filmes de terror usa histórias de gravidez indesejadas e misteriosas como ponto de partida para falar do tema

Por Thiago Gelli Atualizado em 3 jun 2024, 16h38 - Publicado em 31 Maio 2024, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Cecilia (Sydney Sweeney) só queria servir a Deus numa Itália bucólica, muito diferente de seu berço original, os Estados Unidos — mas um inesperado mal-estar muda tudo. Mesmo virgem, ela está grávida. Sem sexo ou a visita de um arcanjo, a jovem religiosa não sabe como a concepção ocorreu e se assusta com o ser misterioso que cresce em seu ventre. Não demora para que ela seja elevada ao posto de Virgem Maria reencarnada por suas colegas de hábito. Pelos preceitos da fé, ela será obrigada a ter o bebê e a criá-lo como o novo Messias, mas indícios suspeitos evidenciam que não há nada de divino nessa concepção. Na verdade, a jovem está no centro de uma conspiração macabra. A trama do filme de terror Imaculada (Immaculate; Estados Unidos; 2024), em cartaz nos cinemas, carrega cacoetes clássicos do gênero — freiras sacrílegas, reviravoltas e sangue abundante —, mas é nos horrores mundanos que o roteiro ganha força e, de fato, assusta: estão ali a perda de controle sobre o próprio corpo, a alienação sustentada por autoridades e o detrimento da saúde da mulher a favor da viabilidade de sua gestação.

    CLÁSSICO - O Bebê de Rosemary: filme assustador que marcou época
    CLÁSSICO - O Bebê de Rosemary: filme assustador que marcou época (William Castle Productions/AFP)

    O Bebê de Rosemary – Ira Levin

    Trata-se de medos enfrentados por mulheres ao redor do mundo — e, desde junho de 2022, também por americanas que perderam a proteção constitucional do direito ao aborto. As analogias do filme com o mundo real não são sutis. Segundo o cineasta Michael Mohan e Sweeney — também produtora —, a interpretação da mensagem por trás do longa fica a cargo do espectador: mas a campanha de marketing pegou carona na polêmica. Nos Estados Unidos, as reações de conservadores se tornaram slogans de divulgação, a exemplo dos protestos que acusaram o filme de ser “uma blasfêmia satanista, feminista, pró-aborto e antivida” e que “degrada cristãos e caçoa de Maria”. O resultado: Imaculada teve o melhor fim de semana de estreia da distribuidora.

    O Exorcista – William Peter Blatty

    O longa não se resume à provocação barata, nem está sozinho — pelo contrário, engrossa uma onda do horror atual que responde, de forma positiva ou negativa (veja abaixo), à revogação do aborto nos Estados Unidos, onde catorze estados baniram o procedimento e outros sete reduziram a janela de tempo em que ele é permitido.

    Continua após a publicidade

    Evil Dead: A morte do demônio – Bill Warren

    Não é de hoje que a instabilidade da legislação pró-aborto do país influencia Hollywood — e nenhum substrato foi tão fértil quanto o terror. Às vésperas do caso Roe v. Wade, que levou à legalização da interrupção da gestação no país em 1973, o incontornável O Bebê de Rosemary (1968) já representava a perda de liberdade de uma dona de casa grávida, manipulada por seus vizinhos e marido a não questionar a gestação suspeita — que resulta num “adorável” demônio. Em 1976, outro clássico, A Profecia, entrega a um casal um bebê que, na verdade, é o anticristo. Neste ano, o intrigante A Primeira Profecia chegou aos cinemas mostrando a origem da criança: na trama, outra noviça americana na Itália enfrenta uma gestação forçada (há ainda uma assustadora Sônia Braga no elenco). Tão aterrorizante é a mão da diretora Arkasha Stevenson, que elaborou cenas chocantes, entre elas, a de um parto explícito em que, no lugar de um bebê, uma mão demoníaca sai da gestante. Para a cineasta, o momento é crucial no retrato do “horror físico”, numa tentativa de mostrar as dores da gestação advinda de um estupro e da falta de autonomia corporal.

    A Profecia – David Seltzer

    Nem todas as obras, porém, mostram-se pró-aborto. Lançamentos como O Exorcista: o Devoto e A Morte do Demônio: a Ascensão, ambos de 2023, punem personagens que cogitam interromper a gravidez. O interesse na questão é tanto que, no segundo semestre, um ciclo se fecha e volta ao universo de Rosemary com o lançamento da sequência Apartment 7A, sobre mais um encontro dos temíveis vizinhos com uma jovem fértil. Pelo viés dessa safra de filmes, o chamado milagre da concepção se transforma num drama assustador.

    Continua após a publicidade

    Metáforas polêmicas

    Novos filmes usam o aborto como ponto de partida para falar de liberdade — ou maldições

    Swallow
    Swallow (./Divulgação)

    Swallow
    Neste terror psicológico de 2019, uma dona de casa grávida engole objetos lacerantes, numa tentativa desesperada de retomar o livre-arbítrio.

    O Exorcista: O Devoto
    O Exorcista: O Devoto (./Divulgação)
    Continua após a publicidade

    O Exorcista: O Devoto
    O longa de 2023 foi criticado pela trama na qual um homem opta pela vida da esposa em vez da filha em um parto letal e acaba amaldiçoado por um demônio possessor.

    A Morte do Demônio: A Ascensão
    A Morte do Demônio: A Ascensão (./Warner Bros)

    A Morte do Demônio: A Ascensão
    Moderninha, Beth (Lily Sullivan) engravida sem querer no filme de 2023. Ela é convencida a manter o bebê, apesar de tentações demoníacas para que aborte.

    A Primeira Profecia
    A Primeira Profecia (20th Century Studios/.)
    Continua após a publicidade

    A Primeira Profecia
    Recém-chegada à Itália, uma noviça americana tem de proteger uma pré-adolescente de freiras e padres que querem inseminá-la com o anticristo no longa de 2024.

    Publicado em VEJA de 31 de maio de 2024, edição nº 2895

    Publicidade

    Publicidade
    Imagem do bloco

    4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

    Vejinhas Conteúdo para assinantes

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.