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Diretora de ‘Uma Advogada Brilhante’: ‘Comediantes trans são essenciais’

Cineasta Ale McHaddo lança novo filme com Leandro Hassum, e relembra seu processo de transição

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 5 mar 2025, 09h00

Quando começou o processo de transição de gênero, a diretora Ale McHaddo fez uma lista de pessoas que gostaria de comunicar o mais rápido possível sobre a novidade, e que soubessem diretamente por ela – já que esse é o tipo de assunto que logo vira fofoca. O ator Leandro Hassum era uma dessas pessoas. “Trabalhamos juntos há muitos anos: ele dublou desenhos animados que eu criei, e estrelou filmes que eu dirigi. Nessa época, estávamos nos preparando para rodar Meu Cunhado É um Vampiro”, conta ela sobre a comédia que fez muito sucesso na Netflix em 2023. Ale convidou o colega para jantar. Quando ele chegou ao restaurante e a viu sem barba e de cabelo comprido, brincou: “Tá transicionando, é?”. Ela ficou tensa, mas se ateve ao plano. Em seguida, lhe perguntou: “Você tem alguma diretora amiga, do tipo que olha no olho e já sabe o que ela quer? Com quem você pode ser você mesmo sem receios?”. Ele respondeu que não e então ela disse: “Agora você tem”. “O Hassum travou, virou uma tela azul”, conta ela, rindo. Em seguida, o ator pediu desculpas a Ale pela brincadeira do começo da conversa, mas estava tudo bem. Ter o apoio do ator na transição, ainda mais fazendo um filme ao mesmo tempo, foi essencial para a diretora, que agora lança sua quarta parceria ao lado dele com o cômico Uma Advogada Brilhante, que estreia nos cinemas na quinta-feira, 6 de março. Na trama, Hassum interpreta um homem que passa a se vestir como mulher para não perder o emprego quando a empresa decide que só terá funcionárias do gênero feminino.

Segundo Ale, o filme foi muito importante dentro de seu processo de afirmação. Antes de se entender como uma mulher trans, ela era crossdresser, que são homens que se vestem de mulheres em festas. Durante o isolamento da pandemia, notou que era uma questão maior, de gênero, uma identidade e não uma brincadeira. “Dentro de casa, sem poder fugir de mim, me aceitei.” Ale faz parte de um pequeno grupo que encara a transição de forma tardia, ou seja, acima dos 45 anos. “Minhas três filhas não tiveram problemas, são de uma geração mais aberta”, conta. Mas sendo uma diretora que trabalha especialmente com atores de comédia, um ambiente notoriamente machista e homofóbico, ela não sabia como eles iriam reagir. Além de Hassum, outro grande colega para quem ela quis contar na primeira hora foi Danilo Gentili. “Liguei para ele, contei, e o Danilo reagiu muito bem. Disse que o que importava era que eu não mudasse a pessoa que eu sou, de quem ele gosta muito. E ressaltou que queria me ver feliz.”

Gentili, que também integra o elenco de Uma Advogada Brilhante, ajudou Ale a entrar no universo do stand-up, algo novo em que ela passou a se interessar depois da transição. “Sinto que fiquei mais corajosa e mais extrovertida, eu desabrochei.” Nisso, a comédia se revelou uma ferramenta de mudança e de autoafirmação. “Meu show se chama Transbordando, e eu falo da minha experiência de transição – que é difícil, mas repleta de momentos irônicos.” Em uma piada, por exemplo, ela destrincha a falta de lógica do preconceito do tiozão que vê o menininho brincando de boneca e fala: “que mulherzinha”. Aí, no futuro, se esse garoto de fato assume a identidade de uma mulher, o tiozão vem e grita: “Você não é mulher, você é homem”. “Comediantes trans são essenciais nos palcos, para quebrar o gelo com um público mais conservador. Grande parte do preconceito vem da falta de contato com o que não conhecemos.” 

Leandro Hassum e Ale Mchaddo na pré-estreia de 'Uma Advogada Brilhante' -
Leandro Hassum e Ale Mchaddo na pré-estreia de ‘Uma Advogada Brilhante’ – (//Divulgação)

A ideia de Uma Advogada Brilhante nasceu antes da transição, quando Ale viu uma reportagem sobre dois advogados, um homem e uma mulher que, por um período, tiveram as assinaturas trocadas no e-mail. A produtividade do homem caiu, enquanto a dela subiu, simplesmente porque ele passou a ser muito mais questionado sobre suas decisões, e ela não. Ao viver como mulher, Ale passou a experimentar situações do tipo. “Quando era um homem de barba, ninguém nunca me questionou sobre onde eu queria colocar a câmera – algo que passou a acontecer quando me assumi. Então a Michelle, interpretada pelo Hassum, vai encarar esses desafios.” A diretora, aliás, deixa claro que a personagem de Hassum não é uma mulher trans – e para fazer esse contraponto, a atriz trans Olivia Lopes está no elenco como a irmã do protagonista. “Muitas mudanças no roteiro vieram de um empurrão do Hassum, que me incentivou a acrescentar experiências mais pessoais.” Ela reforça que era importante que o filme não fosse machista nem “transfake” – termo usado para um ator heterossexual interpretando uma mulher trans. O protagonista não está transicionando, está só tentando manter o emprego. E as piadas não são para ofender mulheres, mas sim sobre ele descobrindo como é difícil ser uma. “Esse é um dos trunfos da comédia: podemos falar de assuntos sérios e delicados de uma forma leve e envolvente”, arremata a diretora. 

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