Filme sobre julgamento político viraliza com a condenação de Bolsonaro
'Argentina, 1985' retrata o acerto de contas do país com os militares que abusaram do poder durante a ditadura no país

Há quarenta anos, entre abril e dezembro de 1985, a Argentina foi palco do dramático Julgamento das Juntas Militares, que expôs os crimes de abuso de poder dos militares durante a ditadura que dominou o país entre 1976 e 1983. O caso foi vertido no ótimo filme Argentina, 1985, disponível na plataforma Prime Video, da Amazon, um poderoso drama de tribunal protagonizado por Ricardo Darín e Peter Lanzani e indicado ao Oscar de melhor filme internacional. A trama dos hermanos, que mescla com primor suspense, drama e humor, viralizou nas redes sociais nesta quinta-feira, 11, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete aliados por tentativa de golpe de estado.
Recortes do filme argentino publicados nas redes celebram o resultado do julgamento e pontuam as falas dos advogados que se colocaram na linha de frente contra os poderosos militares em uma democracia então recém-retomada. Confira algumas publicações:
Esse julgamento PRECISA de um filme nos moldes de “Argentina, 1985”. Espero que alguém já esteja cuidando disso. pic.twitter.com/WPcTG1WjYK
— Matheus® (@omatheuzera) September 11, 2025
Bolsonaro foi condenado a 27 anos de prisão, acabou agora a pouco o julgamento. Vi “Argentina, 1985” o Brasil errou quando não condenou os golpistas nos anos 80. Tentaram, voltaram novamente golpear a democracia, desta vez deu errado, não passou!!!!!
— @EstradadoMarRS 🇧🇷 (@BetoSilva__) September 11, 2025
Daqui uns 40/50 anos vão fazer um filme sobre esse julgamento tipo Argentina 1985 com Larissa Manoela de Carmen Lúcia https://t.co/5rfnubIGtF
— caetaninho (@CaeEscobar) September 12, 2025
Histórico
Ao contrário da Argentina, o Brasil não levou os militares que governaram o país, entre 1964 e 1985, ao banco dos réus. Por aqui, a anistia política geral se estendeu de exilados a generais, deixando feridas abertas e um sentimento errôneo de que foi um período de paz e prosperidade — ideia estabelecida pela falta de informação da época, quando a imprensa era censurada e havia uma repressão violenta contra a liberdade de expressão. Na Argentina, pairava o mesmo clima. Isso até que centenas de vítimas foram ouvidas no tribunal, no julgamento que foi transmitido pelo rádio. Ao expor os atos hediondos cometidos pelos militares, como tortura e assassinato, o país vizinho expôs a sujeira embaixo do tapete e abriu um precedente mundial, criminalizando os generais que não deram às vítimas o direito de um julgamento honesto — ao contrário deles, que tiveram a chance de se defender diante de uma corte e cumpriram a pena imposta perante a lei.