Diante de um apresentador de TV, a psiquiatra americana Dorothy Otnow Lewis tenta explicar as razões pelas quais uma pessoa se torna assassina. Ela ouve a resposta do jornalista: “Porque essas pessoas são más”. E rebate: “Maldade é um conceito religioso, não científico”. A rápida cena do documentário Louco Não, Doido, disponível na HBO Max, diz muito sobre o árduo trabalho de Lewis ao longo de sua carreira. Em busca de uma resposta científica para a pergunta “Por que matamos?”, a médica enfrentou discussões acaloradas no próprio meio hospitalar e também no judicial – eventualmente, Lewis atuou em julgamentos atestando a sanidade ou não de assassinos.
Dirigido por Alex Gibney, vencedor do Oscar pelo documentário Um Táxi para a Escuridão, de 2007, o filme de 2020 segue a psiquiatra como fio condutor para analisar diversos casos de assassinatos violentos nos Estados Unidos. Ela começou sua investigação trabalhando com jovens infratores. Mais tarde, se viu visitando grandes presídios, diante de assassinos em série que tomaram os noticiários. Em comum, muitos deles apresentaram uma combinação de traumas infantis, abusos e danos neurológicos diagnosticáveis. As cenas das entrevistas com alguns deles são perturbadoras e, ao mesmo tempo, hipnotizantes. Na onda de séries e filmes sobre o tema, como o recente Dahmer: um Canibal Americano, da Netflix, o documentário é uma produção oportuna para se aprofundar nos mistérios da mente humana.