Julgamento do ator Gérard Depardieu por abuso sexual instiga protestos

O ator francês Gérard Depardieu, de 76 anos, chegou a um tribunal de Paris na manhã desta segunda-feira, 24 de março, como réu do julgamento de agressão sexual iniciado contra ele por duas mulheres. Ao dar as caras no recinto, o veterano indicado ao Oscar por Cyrano de Bergerac (1990) foi recebido por protestos feministas e pelo escrutínio da imprensa francesa, que o aguardava nos corredores do prédio. Previsto para ser concluído até quarta-feira, 26, o processo julga a validade das alegações de uma decoradora de set e uma assistente de direção que trabalharam com o ator em Les Volets Verts (As Venezianas Verdes) em 2021.

Segundo reportagem investigativa do site Mediapart, a decoradora diz ter sido “agarrada brutalmente” e “imobilizada pelas pernas do ator”, que então a apalpou da cintura aos seios na frente de três outros funcionários. Pelo resto da filmagem, Depardieu teria encarado a colega com desprezo e murmurado insultos em sua direção. Tanto membros da equipe quanto o diretor Jean Becker estimularam a funcionária a levar o caso para a Justiça. As acusações da assistente de direção ainda não vieram o público, mas o caso ocorre paralelo à primeira acusação formal contra o ator: a da atriz Charlotte Arnould, de 29 anos, que alega ter sido estuprada duas vezes pelo francês em 2018. Seu processo está em avaliação desde o ano do ocorrido e ainda não chegou a tribunal.

Arnould foi uma das 50 mulheres que protestou contra o ator nesta segunda-feira, acompanhada da colega de profissão Anouk Grinberg, outra das primeiras atrizes a se queixar publicamente do comportamento de Depardieu. Ao todo, mais de 20 acusações públicas já foram feitas contra ele, que as nega e até então era uma das figuras mais respeitadas do cinema francês. No momento, ele se prepara para voltar à atuação após três anos de hiato no novo filme da amiga Fanny Ardant, Ela olhava sem nada ver, a ser filmado em Portugal.

Os planos, porém, podem ser atrapalhados pela sentença. Caso o veredito o considere culpado, Depardieu pode enfrentar até cinco anos de prisão e uma multa de 75 000 euros, o equivalente a 460 000 reais.

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